30 de junho de 2010
Monogarfia da Anna Paula
FACULDADE DOM BOSCO
ANNA PAULA DE CARVALHO
ESTABELECER UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE TALENTOS A MODALIDADE KARATÊ
CURITIBA
2010
FACULDADE DOM BOSCO
ANNA PAULA DE CARVALHO
ESTABELECER UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE TALENTOS A MODALIDADE KARATÊ
Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado de Educação Física da Faculdade Dom Bosco, como requisito parcial à obtenção ao título de Bacharel em Educação Física.
Orientador: Prof° Adel Youssef
Co-Orientador: Prof° João Carlin Ferreira Padilha
Orientador Metodológica: Prof° Guilherme Stival
CURITIBA
2010
Dedico este trabalho em
Memória de meu querido pai
Pedro Rodrigues de Carvalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelas oportunidades que me foram dadas.
A minha Mãe por seu carinho e eterno exemplo de dedicação. Aos meus familiares por todo o incentivo,
Ao professor e orientador Adel Youssef por seu apoio e paciência.
Ao co-orientador João Carlin Ferreira Padilha, mais do que uma figura de Sensei e sim de um verdadeiro pai.
Aos professores Guilherme Stival, Keith Sato e Gilda Luck pela colaboração e incentivo que tornarem possível a conclusão desta monografia.
Aos meus amigos e irmãos de treinamento, por dividirem inúmeros momentos importantes em minha vida, que serviram de inspiração para este estudo.
E ao meu namorado Rogério Emerick por estar sempre ao meu lado, sendo o alicerce da minha vida.
Dizem que o talento cria suas próprias oportunidades.
Mas às vezes, parece que o desejo intenso cria não apenas
suas próprias oportunidades, mas seus próprios talentos.
Eric Hoffer
RESUMO
Indivíduos que apresentam aptidão acima da média em qualquer área do conhecimento humano são denominados como talentos. Na área esportiva surgiu à necessidade de desenvolver métodos para a revelação desses talentos, assim a seleção de talentos caracteriza-se como uma ferramenta metodológica importante neste processo de formação de atletas em várias modalidades, com isso este estudo tem como objetivo estabelecer uma proposta de seleção de talentos para o Karatê. Luta de origem oriental que foi desenvolvida com a finalidade da auto-defesa e que na atualidade também tem como propósito a competição esportiva. Na realização deste estudo foi utilizada uma revisão de literatura para o levantamento das principais informações, e com o auxilio dos métodos dedutivos, indutivos e o intuitivos pode-se associar as informações obtidas com a elaboração do programa. Para esta proposta metodológica foram sugeridas as etapas, as faixas etárias respectivas a cada etapa, as freqüências, a duração das sessões de treinamento, os pré-requisitos de participação do programa, os conteúdos adequados a cada etapa, além dos indicadores para acompanhamento e prescrição, entre outros fatores. Esta proposta constitui-se de uma referencia útil para profissionais de Educação Física e da área de Lutas, pois auxiliará na formação de um atleta a longo prazo.
Palavras chaves: Seleção de talentos, Karatê, Lutas.
ABSTRACT
People who have aptitude over the average at any area of human knowledge are denominated as talents. One need appeared in the sports area to develop methods for the reveal of these talents, so the selection of talents is considered to be an important methodical tool in the process of formation of athletes in many modalities and this study aims to estabilish a talents selection proposal for Karate. A fight from oriental origin developed with the ends of self-defense which also currently has a sportive competion goal. A literature revision was used in this study accomplishment to bring the main information together with the auxiliary of deductive, inductive and intuitive methods to associate the information gotten from the program development. For this methodical proposal the following stages were suggested: the average ages related to each stage, frequencies, training duration, program participation pre-requisites, apropriate content for each stage besides accompany indicators and prescription among other factors. This proposal is consisted of a useful reference for physical education professionals and fight areas so that it will help in the formation of an athlete in the long term.
Key words: Talent selection, Karate, Fights.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Este estudo propõe como tema um programa de seleção de talentos a modalidade Karatê, ou seja, a identificação de atletas que apresentem um desempenho superior para a prática desta modalidade. Atletas talentosos apresentam comportamentos acima da média comprovados para aquela faixa etária, para acompanhar o processo de desenvolvimento desse atleta é importante à utilização de uma metodologia adequada como a seleção de talentos esportivos, que tem como propósito a condução do iniciante da modalidade ao rendimento esportivo. O processo de seleção de talentos esportivos pode ser entendido como sendo o sistema de organização metodológica das medidas, e também dos métodos de observação pedagógica, sociológica, psicológica, médico-biológica, no qual se revelam as aptidões e capacidades das crianças e adolescentes para a especialização em um determinado tipo de esporte (FILHO & BÖHME, 2001).
A proposta de um programa de seleção de talentos para o Karatê pode servir como uma ferramenta metodológica auxiliar no desenvolvimento do trabalho de professores/técnicos desta modalidade.
O Karatê é uma arte marcial oriental que foi desenvolvida por camponeses para a sua defesa sem a utilização de armas. Com o passar do tempo, esta luta ganhou um contexto esportivo. O Karatê de competição é um jogo que exige a percepção do momento propicio de realizar uma ação (ataque ou defesa), velocidade, técnica, estratégia e controle. Com isso um atleta desta modalidade depende de muitos fatores para o sucesso esportivo.
Foi possível construir esta proposta de aprendizagem e formação de atletas de Karatê, com base na literatura disponível, determinando as etapas do programa, e relacionando com a idade desenvolvimentista e as características da modalidade, duração das atividades e a freqüência semanal adequadas a cada etapa, os conteúdos referentes às etapas, indicadores, requisitos para iniciar no programa e critérios para a promoção para a próxima etapa.
Ainda são poucos os estudos desenvolvidos sobre o Karatê esportivo e todos os fatores relevantes para o sucesso de uma atleta desta modalidade. Assim, uma metodologia que contemple a aprendizagem do esporte na sua plenitude, considerando aspectos técnicos, físicos, táticos, pedagógicos, psicológicos e afetivos, oferece uma maior possibilidade de conduzir a formação de atletas com maiores e melhores características.
A importância do desenvolvimento deste estudo está relacionado às contribuições desta modalidade a formação de seus praticantes com base em características do respeito e auto-controle, auxiliando assim na preparação destes atletas para a sociedade.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Estabelecer um programa de seleção de talentos a modalidade de karatê.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Estabelecer indicadores de desempenho esportivo.
• Definir os conteúdos a serem desenvolvidos durante as etapas.
• Desenvolver critérios de promoção de cada etapa do programa de seleção de talentos.
• Relacionar a idade desenvolvimentista com a etapa do programa de seleção de talentos.
• Verificar a freqüência semanal adequada a cada etapa.
• Decidir a duração de cada sessão, etapa e do programa de seleção de talentos.
• Apontar requisitos para a participação.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
3.1 TALENTO
Em qualquer área da atividade humana, os melhores desempenhos são premiados, no entanto, nem sempre são reconhecidos ou oportunizados, já que muitas vezes não são utilizadas metodologias para esta finalidade.
Neste estudo é de fundamental importância entender o conceito de talento, termo que esta sempre presente na sociedade, pois pessoas que se destacam em áreas especificas, podem ser caracterizadas como talentosas.
Böhme (2004 apud MASSA, 2006) explica que na linguagem popular denomina-se talento ao indivíduo que possui uma aptidão especifica acima da média em determinado campo de ação ou aspecto considerando, a qual é possível de ser treinada e desenvolvida.
No sentido etimológico, esta expressão origina-se do latim talentu e do grego tálanton e refere-se a uma medida de peso e a uma moeda corrente na antiguidade (SILVA, 2005). Após a sua evolução semântica, este termo configurou-se com o significado de algo raro e valioso no domínio intelectual e artístico, ou ainda, como aptidão natural ou habilidade adquirida (MAIA, 1996 apud SILVA, 2005).
Para Duden (1987 apud SILVA, 2005) o talento depende de uma constituição herdada e de uma disposição motora, cognitiva e afetiva favoráveis, assim como o desenvolvimento em condições sociais e ambientais propícias. Hahn (1982 apud MASSA 2006) acrescenta que numa pessoa talentosa as estruturas neurofisiológicas e anatômicas, assim como as capacidades motoras e psicológicas que estão presentes no nascimento, podem ser detectadas no processo de socialização e serem estimuladas e desenvolvidas no meio onde está inserida, desde que este forneça condições para tal.
Em seus estudos Weineck (1991 apud VIEIRA et al., 2003) define o talento como uma vocação marcada em uma direção, que ultrapassa a média, que ainda não está completamente desenvolvida. Bompa (2002) afirma que todos podem aprender a cantar, dançar ou pintar, mas somente alguns atingirão um alto nível de maestria.
Alguns autores discordam que o talento receba mais influencia de questões motoras/ físicas, ressaltando que pode ser mais caracterizado pelo grupo social onde este indivíduo está inserido.
Csikszentmihalyi (1997 apud SILVA, 2005) afirma que o talento não é uma categoria natural, é uma construção social, é uma denominação de aprovação que é dada aos traços que têm valor positivo num contexto social. Este mesmo autor estabelece a opinião que o talento possa ser constituído por três elementos: traços individuais, os quais são parcialmente hereditários e parcialmente desenvolvidos com o processo e crescimento; domínios culturais que estão associados aos sistemas de papéis sociais e de valor; e campos sociais, constituídos de pessoas e instituições que determinam se certo desempenho deve ser valorizado ou não.
De acordo com Joch (1992 apud WEINECK, 1999) o termo “talento” é dividido em dois tipos: o talento estático e talento dinâmico, algumas características que definem o “talento estático” são a: disposição, que mobiliza o potencial; a prontidão, que mobiliza a vontade; o ambiente social, que determina as possibilidades; e os resultados, que documentam o desempenho obtido. Outro termo definido por este mesmo autor é o “talento dinâmico” que compreende as três seguintes características centrais: o processo ativo de mudanças; a orientação através do treinamento e de competições; e o acompanhamento pedagógico.
Apesar das discussões relacionadas à determinação do aspecto de maior influencia sobre um individuo talentoso, num contexto geral pode-se considerar que um desenvolvimento harmonioso entre as condições e fatores relevantes ao talento é de fundamental importância.
3.2 TALENTO ESPORTIVO
Para ser considerado um atleta talentoso, o individuo deve apresentar comportamentos expressivos em todos os aspectos determinantes para o rendimento esportivo, tanto fisicamente como psicologicamente.
De acordo com Ulbrich (1974 apud WEINECK, 1999) aproximadamente 6% das pessoas apresentam um potencial acima da média, o que pode ser considerado um valor alto. Outra informação importante esta relacionada aos talentos múltiplos (aptidão para mais de uma modalidade esportiva) que ocorrem somente em 3 % das pessoas dentro de um grupo de já consideradas talentosas (JOCH, 1992 apud WEINECK, 1999). O talento em uma disciplina esportiva, e mais ainda, em diversas disciplinas esportivas, representa um caso de destaque dentro do esporte (ULBRICH, 1973 apud WEINECK, 1999).
Carl (1988 apud FILHO & PINHEIRO, 1999) define que o termo talento esportivo seja utilizado para pessoas que baseado em seus comportamentos/atitudes ou em suas condições de comportamentos herdados e adquiridos, possuam uma aptidão especial ou uma grande aptidão para o desenvolvimento esportivo. Outra definição utilizada determina que talento esportivo possa estar relacionado a um indivíduo cuja sua estrutura de características anatômicas e fisiológicas, capacidades e outras qualidades de personalidade permitam com grande probabilidade e determinado treinamento, alcançar atletas de nível nacional e internacional (MARTIN, 1999 apud SILVA, 2005).
Kovar (1981 apud SILVA, 2005) destaca que do ponto de vista funcional, a estrutura dos pressupostos básicos do talento esportivo referem-se a: ótimas estruturas morfológicas externas; elevado nível de propriedades funcionais associados à performance; elevado nível de relação entre estrutura intelectual e função motora; e capacidades elevadas de aprendizagem, sobretudo em novas situações e tarefas. Outro conceito de talento esportivo determina o como à reunião de capacidades da personalidade, do repertório tático, do nível técnico, das capacidades de aprendizagem e do uso de técnicas e comportamentos específicos com sucesso e rapidez (TSCHIENE, 1986 apud SILVA, 2005).
Observando os conceitos relacionados a atletas de sucesso, percebe-se que não é suficiente que o individuo seja favorecido por características anatômicas e fisiológicas acima da média, é necessário um ambiente social adequado e um treinamento planejado para que esse talento seja revelado.
Joch (1992 apud WEINECK, 1999) explica que atletas talentosos são aqueles, com disposição, prontidão para o desempenho e possibilidades, apresentaram um desempenho acima da média comprovado para aquela faixa etária (desempenho este comprovado por competições), este resultado é obtido graças ao acompanhamento de um treinamento – orientação, ativa e pedagógica – que visa o desenvolvimento do desempenho.
Em seus estudos Martin et al. (1999, apud MASSA, 2006) apresentou em esquema a definição de talento esportivo: T = R (dG, iD, Dt, qP). Sendo: (T) talento esportivo; (R) resultado individual de um processo de pendente das relações temporais existentes; (dG) entre as disposições genéticas; (iD) a idade relacionada com a fase do seu desenvolvimento; (dT) as exigências de desempenho esportivo no treinamento; (qP) e também de qualidades psicológicas. Essas características verificadas através de uma aptidão individual acima da média, determinadas através de tarefas esportivo-motoras específicas (testes de aptidão, competição) (MARTIN et al., 1999 apud MASSA, 2006)
Para entender melhor o termo talento esportivo, alguns autores propõem algumas classificações, categorias ou níveis ligados ao desempenho esportivo.
. Hahn (1987 apud SILVA, 2005), descreve que o talento no esporte pode ser distinguido de três maneiras: talentos motor geral onde o individuo que apresenta uma grande capacidade de aprendizagem motora, leva a um domínio de movimentos executados com facilidade, certeza e rapidez, e também a um repertório maior e mais diferenciado de movimentos; a segunda maneira de distinção é o talento esportivo onde o individuo que possui uma prontidão e um potencial acima da média para poder ou querer realizar altos desempenhos esportivos; e o talento esportivo especifico que é o individuo que apresenta condições físicas e psicológicas prévias para determinada modalidade.
Já Sobral (1997, apud VIEIRA, 2003) classifica de duas formas o talento esportivo e acrescenta que este termo tem forte ligação com a performance esportiva: a) pela qualidade superior do seu desempenho esportivo, em comparação com os padrões e os valores característicos para a sua idade e sexo; b) pela reunião, numa espécie de retrato-robô, dos traços biológicos, motores e comportamentais que por suposição constituem a estrutura da performance.
Quanto ao nível de desempenho, depende da população a qual este indivíduo está inserido e também em relação à situação de comprovação com a qual o seu desempenho é avaliado e comparado. Uma forma de exemplificar esta situação é quando uma pessoa possa ser considerada um talento esportivo para uma determinada modalidade no âmbito da sua escola, porém, seu nível de rendimento é insuficiente em âmbito nacional (SILVA, 2005).
Filho & Pinheiro (1999) alertam que muitas vezes, confunde-se precocidade com talento, o que, necessariamente, não possa existir, o atleta precoce parece ser talentoso, devido a sua boa aptidão física e técnica (mais física do que técnica), naquele período do seu desenvolvimento, porém, isso, muitas vezes é irreal, já que ele supera os atletas, de desenvolvimento normal ou lento, apenas neste período, porque ambos, quando se tornam adultos, igualam-se em termos físicos (às vezes, os de desenvolvimento normal ou lento até superam) e, sendo os de desenvolvimento normal ou lento, até mais habilidosos (por terem trabalho muito a parte técnica, para compensar o baixo rendimento físico, já que este era ainda deficitária) podem ser estes os verdadeiros talentos que, muitas vezes são deixados de lado, por não terem apresentado, ainda, um processo maturacional.
O principal objetivo desse item foi reunir as principais informações em relação ao talento esportivo, Bompa (1994 apud FILHO & BÖHME, 2001) estabelece as principais idéias relacionadas ao nível de desempenho de um talento esportivo, como há a dependência dos traços individuais e dos programas que objetivam identificar, estimular e recompensar a aprendizagem e o treinamento. Baseados nestas conclusões a possibilidade de sucesso de um indivíduo em qualquer esporte depende de seu potencial genético, da metodologia de aprendizagem e treinamento durante os diferentes estágios do seu desenvolvimento (FILHO e BÖHME, 2001).
A respeito do talento esportivo existem alguns fatores que são importantes serem esclarecidos, pois são aspectos considerados fundamentais para o sucesso de um programa de seleção, esses processos são denominados como determinação, detecção, seleção e promoção do talento esportivo. Nos próximos tópicos eles serão apresentados e definidos conforme suas funções dentro deste programa.
3.3 DETERMINAÇÃO DO TALENTO ESPORTIVO
A respeito da determinação de talento esportivo pode ser considerada como o primeiro passo no planejamento do programa seleção de talentos, pois é o embasamento teórico do profissional de educação física em relação à modalidade esportiva e as características acima da média que descreveriam um possível talento em um determinado grupo. As identificações dessas informações servem de ponto de partida para um processo a longo prazo de desenvolvimento de talentos esportivos.
Gabler & Ruoff (1979 apud MASSA, 2006) definem a determinação de talento esportivo como o processo que baseia-se nas evidencias abstratas e discussões teóricas que resultam na descrição e identificação de possíveis condições e características que possam identificar, caracterizar as pessoas como talento esportivo dentro da população. Com relação à determinação de talento esportivo é necessário conhecimentos de aspectos teóricos que possibilitem a melhor referencia na atuação dos profissionais de Educação Física. (BÖHME, 1994 apud MASSA 2006). Em seus estudos Régnier et al. (1993 apud MASSA, 2006) acrescenta que a determinação e desenvolvimento do talento esportivo devem ser observados como um processo contínuo, interrelacionado e cíclico, devendo ser verificadas e combinadas mensurações físicas, psicológicas e habilidades técnicas.
Considerando os critérios utilizados na prática para a determinação do talento no esporte, ainda há muito a ser feito. Pois diversos profissionais ainda fazem da experiência e da intuição os dois únicos métodos utilizados para a determinação de talentos e, portanto, um método altamente subjetivo, sem consistência e insuficiente para a devida promoção do talento (MASSA, 2006). Este mesmo autor destaca que para auxiliar na determinação do talento esportivo são necessários estudos que possibilitem caracterizar as diferentes modalidades esportivas nos aspectos biopsicossociais com o objetivo de encontrar critérios de desempenho para a determinação da aptidão e, assim, favorecer um prognóstico precoce e fiel da futura capacidade de desempenho esportivo.
Weineck (1992 apud SILVA, 2005) sugere como pré-requisito fundamental e necessário no processo de determinação de talento esportivo, a preparação de um catálogo com o perfil das características especificas de cada modalidade esportiva, de acordo com uma fundamentação cientifica. Entretanto, Massa (2006) relata que ainda existe uma carência de estudos que permitam definir as características das diferentes modalidades e assim poder catalogá-las de acordo com aspectos específicos a cada modalidade e que basicamente envolvem qualidades morfológicas, biomecânicas, fisiológicas e psicológicas.
Para auxiliar neste processo Kunst & Florescu (1971 apud BOMPA, 2002) classificaram a capacidade motora, a capacidade psicológica e as qualidades biométricas (incluindo somatotipo corporal e medidas antropométricas) como os principais fatores para o desempenho e a determinação do talento desportivo. Estes autores explicam que embora esses sejam os três principais fatores para todos os desportos, sua ênfase difere de desporto para desporto. Em suas pesquisas Bompa (2002) observa que um sistema de identificação de talento tem início com a caracterização dos desportos e de sua especificidade, isolando então os principais fatores de seleção de talentos baseados nessa análise.
Uezo et al. (2008) explica que a determinação dos critérios relevantes para o desempenho esportivo é uma tarefa complexa, visto que nas pesquisas existentes na área, os indivíduos são analisados de forma fragmentada e são desconsideradas as relações existentes entre os níveis de maturação biológica, fenômeno da compensação , além de não apresentarem delineamento longitudinal, devido à dificuldade dos estudos atenderem as características citadas. Em relação à maturação biológica Bernhoef (2005) descreve que cada indivíduo tem seu próprio relógio biológico que regula seu progresso ao estado de maturidade. Este mesmo autor explica que a maturidade não necessariamente prossegue em comum acordo com o calendário do tempo ou sua idade cronológica, por isso, que dentro de um grupo de crianças do mesmo sexo e mesma idade cronológica, haverá variação no nível de maturidade biológica.
Durante seus estudos Hahn (1982 apud WEINECK, 1999) destaca a importância de se estar atento às diversas condições e fatores que determinam o desempenho, tais como: os requisitos antropométricos, como tamanho do corpo, peso, proporções, local do centro de gravidade; as características físicas, como resistência aeróbica e anaeróbica, força dinâmica e estática, velocidade de ação-reação, flexibilidade, entre outros; requisitos técnico-motores referentes à velocidade de equilíbrio, percepção espaço temporal e rítmica, aptidão para esportes aquáticos, com bola ou na neve, capacidade de expressão, musicalidade; a capacidade de aprendizagem, como capacidade de compreensão, observação e análise; a prontidão para o desempenho, como prontidão para o esforço, disciplina, aplicação ao treinamento, tolerância a frustrações; as capacidades cognitivas, como concentração, inteligência motora (inteligência em jogos), criatividade, tática; os fatores afetivos, como estabilidade psíquica, prontidão para competições, severidade e capacidade de controle do estresse durante as competições; e os fatores sociais, como capacidade de assumir uma função dentro de um trabalho em equipe, capacidade de trabalho em equipe, etc.
Em seus estudos Böhme (1995 apud SILVA, 2005) indica que os critérios de desempenho utilizados na determinação da aptidão dependem da estrutura do desempenho esportivo de alto nível e devem ser construídos baseados nesta mesma estrutura. A partir desta concepção, considera-se na determinação fundamentada do talento esportivo, dois problemas importantes: primeiro, o problema dos critérios de desempenho, e segundo, o problema do prognóstico de desempenho Gabler & Ruoff (1979 apud MASSA, 2006).
O problema dos critérios de desempenho baseia-se na determinação de todas as características de desempenho que o atleta deve possuir e que permitirá a ele obter um alto desempenho no esporte considerado (MASSA, 2006). Este mesmo autor observa a importância da complexidade que envolve as características a serem verificadas na determinação de um talento esportivo. De acordo com Weineck (1991) alguns fatores podem ser ressaltados como: constitucionais, sociais, físicos e psicológicos e a dependência da capacidade de desempenho da idade biológica, os quais devem ser considerados como critérios de desempenho no diagnóstico ou determinação da aptidão do indivíduo a ser avaliado como possível talento esportivo. Em relação ao problema do prognóstico de desempenho do talento esportivo, pode ser descrito como uma previsão fundamentada do maior desempenho individual possível de ser atingido em uma determinada modalidade esportiva, refere-se a obter fatos do passado ou do presente do atleta que permitam tornar a detecção de talentos esportivos mais segura, ou seja, toma-se contato com conhecimentos biopsicossociais e dados sobre o desenvolvimento individual do atleta, objetivando a predição do mais alto desempenho (BÖHME, 1996 apud MASSA, 2006).
Para auxiliar o processo de determinação de atletas talentosos Hofmann & Schneider (1985 apud WEINECK, 1999) consideram que somente com o conhecimento da estrutura do desempenho e do processo de desenvolvimento pode-se estabelecer um perfil adequado das condições que o determinam e deste modo definir os objetivos intermediários e finais. Estes mesmos autores citam que a cada avaliação de aptidão (inclusive no inicio), devem ser relacionados os elementos que determinam um alto desempenho com a avaliação feita naquele momento, em outras palavras são as condições observadas em jovens e comparadas às condições de atletas no alto desempenho, exemplo apresentado no quadro 01.
Quadro 01 - Exemplos de perfil de condições para alto desempenho de jovens
Alto desempenho Juventude
Tipo Físico
- Medidas (ex.: altura, peso, ombros e quadris).
- Índices (ex.: relação entre altura e peso, largura dos ombros e dos quadris)
Expressão Estética
(ex. ginástica olímpica).
- Expressão geral, postura.
Técnicas de Grande Dificuldade
- Capacidade de aprendizado motor.
- Comportamento motor.
- Coordenação.
- Técnicas básicas (exercícios fáceis e difíceis)
Técnicas Especiais
Disciplinas Especiais
- Condições básicas (capacidades coordenativas, capacidades condicionais e desempenho).
Força em Saltos
- Formas mais simples (ex.: salto em distância, salto triplo saindo parado).
- Saltos de acordo com o regulamento das competições.
Tática
- Engajamento pessoal.
- Conhecimento (teoria da modalidade esportiva)
- Adaptação do desempenho à situação momentânea.
Capacidade para o progresso
- Engajamento para o treinamento.
Participação em Competições - Desejo de ter um bom desempenho e disciplina (características psíquicas básicas e especificas para cada modalidade esportiva).
- Comportamento em competições.
Fonte: Hofmann & Schneider (1985 apud WEINECK, 1999, p. 124).
Weineck (1999) destaca que como há diferenças entre a estrutura do desempenho em treinamento de jovens e de treinamento profissional de adultos, são necessários conhecimentos sobre como este desempenho desenvolve-se para a determinação dos critérios de aptidão.
Com essas informações pode-se entender a importância do embasamento teórico para a construção de um programa de seleção de talentos, pois é necessário conhecer todos os fatores envolvidos no desenvolvimento de atletas de sucesso e suas características no alto rendimento. Para que a partir dessas determinações das características de um talento esportivo em uma modalidade especifica, o profissional de educação física possa utilizar esse perfil de atleta talentoso como uma referencia para o desenvolvimento de todo o processo.
3.4 DETECÇÃO DO TALENTO ESPORTIVO
A detecção de talento esportivo é entendida por muitos autores como primeira etapa no processo de desenvolvimento de um atleta que apresente características acima da média, no entanto é necessário observar algumas considerações acerca deste tema.
Um ponto importante esta relacionado à introdução de crianças a prática desportiva, com o objetivo de experimentar atividades motoras generalizadas das diversas modalidades esportivas (BEZERRA et al., 2008). Portanto, uma grande base esportiva é um fator que auxilia e melhora a possibilidade de uma boa detecção de atletas de alto nível (MASSA, 2006). Conseqüentemente, a partir dessas experiências, das habilidades adquiridas e de metodologias cientificas adequadas, pode-se desenvolver um processo de detecção de talentos específicos para as modalidades e especialidades desportivas (FILHO & BÖHME, 2001 apud BEZERRA et al., 2008).
Para entender melhor este termo Benda (1998 apud KISS et al., 2004) descreve detecção (busca ou procura) de talentos esportivos como todas as formas utilizadas com o objetivo de encontrar um número suficientemente grande de crianças e adolescentes que estejam dispostas e prontas para a admissão em um programa de formação esportiva geral básica, considerando como primeira etapa do Treinamento a Longo Prazo (TLP). O TLP atualmente é considerado uma necessidade do treinamento, desde que seja bem organizado, podendo aumentar consideravelmente a eficiência do treinamento para futuras competições (BOMPA, 2002).
Referindo-se a formas de se detectar crianças talentosas para o esporte, Marques (1991 apud FILHO & BÖHME, 2001) descreve que tradicionalmente a detecção dos talentos efetua-se, sobretudo a partir da observação pelos treinadores da criança nas competições, isto é, a partir de procedimentos subjetivos e empíricos, o que frequentemente dará origem a erros, deve-se depois comprovar o processo de detecção e seleção de talentos, selecionando estratégias cientificas adequada.
Marques (1991 apud MASSA, 2006) acrescenta que uma forma de otimizar os processos de detecção de talentos esportivos é propiciar a prática esportiva para um número cada vez maior de pessoas, independente da classe social que ocupem.
Régnier et al., (1993 apud MASSA, 2006) apresenta outra explicação para a detecção do talento esportivo, que se refere à tentativa de encontrar características inatas ou, com efeito, do desenvolvimento e treinamento, através de fatores antropométricos, físicos, fisiológicos e psicológicos. Em seus estudos Bezerra et al., (2008) destaca que existem inúmeras formas de detecção de talentos, embora tenham pontos em comum, elas variam de acordo com a modalidade esportiva em questão.
Sob uma perspectiva internacional existem programas para detecção de talentos em vários países incluindo Germany (Scchools in Koln and Leipzig), no USA (Colorado Spring Olympcs Center), Cuba, Portugal, Czechoslovakia e Japão (MATSUDO, 1995 apud DANTAS, 2008).
Esses programas servem de referencia para o desenvolvimento de novos modelos de detecção de talentos, no entanto dependendo das condições de cada país ou região é necessária a adaptação deste modelo à realidade social, cultural e até mesmo a modalidade esportiva utilizada.
Para Dantas (2008) existe um consenso entre os estudiosos quanto à dificuldade em se estabelecer parâmetros para detecção a curto prazo, essa dificuldade envolve aspectos multifatoriais, em que o principal problema é a integração dos fatores que compõem o talento a partir de uma abordagem sistêmica, ou seja, a partir da necessidade de compreender o atleta como uma unidade e não como a soma de suas partes isoladas. Esta mesma autora observa que por esses motivos é cada vez mais clara a necessidade de estudos longitudinais, a integração e aplicação destes com o trabalho realizado por treinadores e professores a fim de proporcionar uma melhor transição entre a fase de descoberta, o incentivo à prática do esporte para o treinamento de alto nível e a busca de resultados (DANTAS, 2008).
Apesar das dificuldades de se estabelecer pesquisas que unam os aspectos teóricos com os práticos, alguns autores concordam que o talento não pode ser detectado com base na aptidão demonstrada em um único teste motor e ou mensuração. Sabe-se que a identificação faz parte de um processo de desenvolvimento, que se torna aparente durante as etapas de treinamento, testes e mensuração sistemática, juntamente com uma participação real em competições esportivas (HEBBELINCK, 1989 apud FILHO & BÖHME, 2001).
De acordo com Régnier et al. (1993 apud FRANCHINI, 2001) duas informações básicas são essencias para a elaboração de um instrumento para detectar o talento esportivo: a) um critério, ou uma lista de critérios, relacionados ao desempenho, incluindo a análise da tarefa; b) uma lista exaustiva dos potenciais determinantes de desempenho. Bompa (2002) acredita que para a primeira etapa do treinamento é necessário preestabelecer alguns critérios para uma ótima detecção de talentos como: a saúde, as medidas antropométricas e a hereditariedade.
Em relação aos critérios de detecção de talento esportivo algumas observações são necessárias para a melhor utilização dos fatores durante este processo.
Em relação à saúde Filho & Böhme (2001) recomendam utilizar como orientação, para o ingresso de crianças e adolescentes na primeira etapa de treinamento, apenas um exame médico completo, que seja integrado aquele que não apresentar qualquer problema de saúde.
A utilização de aspectos morfológicos para a detecção de talentos, onde o desenvolvimento físico das crianças é avaliado pelas características externas: estatura, peso, proporção do corpo, forma da coluna vertebral e caixa torácica, forma da pélvis e membros inferiores (FILIN, 1996 apud FILHO & BÖHME, 2001). Este mesmo autor afirma que numa detecção de talentos é impossível revelar o tipo ideal das crianças detentoras das características morfológicas, funcionais e psicológicas, indispensáveis para uma especialidade desportiva, visto que as diferenças individuais existentes no desenvolvimento biológico dos iniciantes dificultam este objetivo.
Bompa (2002) explica que o papel da hereditariedade no treinamento não é uniforme e nem unânime, mas o potencial genético irá, em última análise, limitar as melhorias nas capacidades fisiológicas. Klissouras et al. (1973 apud BOMPA, 2002) afirma que sistemas e funções são genéticamente determinados: o sistema do acido lático em uma porcentagem de 81,4%; a freqüência cardíaca em 85,9%; o consumo máximo de oxigênio (VO2), 93.4%.
Morais (1996 apud DANTAS, 2008) explica que os indicadores psicológicos e sociais são de fundamental importância na detecção de talentos, alguns fatores psicológicos levados em consideração são: tipo de personalidade, concentração, agressividade, autoconfiança e ansiedade. Quando a questão social, este mesmo autor descreve que um nível social baixo pode comprometer a detecção devido a sua provável deficiência nutricional, fator que possui grande influência no desenvolvimento biológico.
Dantas (2008) cita outro aspecto social importante que é a habilidade que a criança tem em lidar com o grupo, o técnico, a família, entre outros. Uma boa habilidade social pode ser considerada uma chave importante para que essa criança se torne um atleta de sucesso. Nesses casos, testes sociométricos têm grande valor para predizer características positivas e negativas de lideranças (MORAIS, 1996 apud DANTAS, 2008). Este mesmo autor acrescenta que as características biológicas, psicológicas e sociais têm diferentes graus de importância nos diferentes esportes.
Lembrando que estas características não atuam isoladamente e sim em conjunto, porém cada esporte apresenta uma exigência especifica o que pode definir qual característica é mais relevante para esta determinada modalidade, assim é de fundamental importância a escolha de testes mais adequada a cada modalidade.
Matsudo (1996 apud FRANCHINI, 2001) explica que as baterias de testes devem ser uma escolha que possua a melhor combinação de validade, reprodutibilidade e objetividade, e que possua tabelas normativas. Este mesmo autor afirma que a estabilidade das variáveis analisadas também deve ser considerada, uma vez que o grau de precisão e previsão é essencial para a detecção do talento esportivo.
Com relação à modalidade de lutas, é recomendado ao profissional de educação física estar atento a algumas exigências especificas destas atividades. Com isso para as modalidades de lutas Weineck (1999) classifica a detecção de talentos em três etapas: a pré-seleção consiste em observar a classificação quanto ao peso, massa corporal e altura (cuidar para que o atleta lute dentro de sua classe corporal) e a avaliação da força; a segunda etapa é a seleção intermediaria verificar a estatura física para a classificação segundo o peso, força para velocidade/ força de torsão do tronco, flexibilidade e a coordenação; a última etapa é a seleção final onde ocorre a avaliação do desempenho e o progresso do aprendizado em luta, e também se observa as características marcantes do atleta em disposição para assumir riscos e o engajamento.
Com a realização de uma boa detecção de talento esportivo observam-se alguns benefícios como: o aumento do número de praticantes no alto nível; evita o desperdício de tempo do treinador; diminui as chances do atleta revelar suas capacidades em outras modalidades, orientando-o para o esporte em que tenha maior chance de sucesso; a criação de uma seleção qualificada com maior chance de retorno aos patrocinadores, entre outros (FILHO & DANTAS 1999 apud BEZERRA et al., 2008).
3.5 SELEÇÃO DO TALENTO ESPORTIVO
Após a realização dos processos de determinação e detecção dos indivíduos com possíveis características ao sucesso esportivo, o próximo passo é a realização da seleção de talentos esportivos, como método utilizado de ligação do atleta em formação ao esporte de rendimento esportivo.
Com isso um dos desafios dos pesquisadores na área do treinamento esportivo refere-se ao entendimento da natureza do processo de seleção dos indivíduos talentosos para o esporte, em que uma série de fatores estão inter-relacionados, alguns deles desconhecidos e provavelmente relevantes no processo de formação do talento esportivo (UEZO et al., 2008)
O termo seleção de talentos é conceituado por Böhme (1995 apud FILHO e BÖHME, 2001) como os meios utilizados para a determinação dos indivíduos que têm condições de serem admitidos no nível superior de treinamento sistematizado em uma especialidade esportiva, objetivando um alto nível de desempenho esportivo na modalidade para a qual possui predisposições motora e psíquica.
A Seleção de Talentos esportivos pode ser entendida como sendo o sistema de organização metodológica das medidas, e também dos métodos de observação pedagógica, sociológica, psicológica, médico-biológica, no qual se revelam as aptidões e capacidades das crianças e adolescentes para a especialização em um determinado tipo de esporte (FILHO & BÖHME, 2001).
Para Campbell (1998 apud FILHO & BÖHME, 2001) a seleção dos talentos é um processo bastante complicado, uma vez que há vários fatores que vão determinar o futuro sucesso: físico, atitude mental, controle motor, facilidade de aprendizagem, capacidade técnica, tática e estratégia e finalmente a habilidade natural revelada para a prática desportiva.
Hebblinck (1989 apud FILHO e BÖHME, 2001) observou que os critérios para seleção de futuros atletas de alto nível diferem de esporte para esporte, sendo cada um específico e necessitando de uma solução diferente. A utilidade da elaboração de padrões referenciais, a partir de dados da população normal; de atletas pertencentes a seleções nacionais, ou ainda da elaboração de perfis mais abrangentes dos melhores atletas mundiais, é indubitavelmente válida caso haja a pretensão de se conduzir a seleção de forma organizada e efetiva.
De acordo com Uezo et al., (2008) após a realização de avaliações das capacidades inerentes ao desempenho esportivo, devem-se comparar os resultados obtidos com os perfis específicos em função das diferentes modalidades esportivas. A utilização desses padrões referenciais é sugerida na literatura como modelos de identificação e seleção dos jovens, além de permitir a realização de um prognóstico do desempenho esportivo (BLOOMFIELD, 1994 apud UEZO, 2008).
Conforme Senf (1990 apud MASSA, 2006) para se conhecer um talento esportivo tornam-se necessárias a observação e a avaliação do mesmo. Filho & Böhme (2001) acrescentam que no período compreendido após a realização do processo metodológico que permite detectar talentos e antes da efetiva seleção especifica de talentos para as determinadas modalidades esportivas, é necessário e fundamental que se utilize fatores básicos de controle de dados de cada criança ou jovem, mediante a criação de registros que demonstrem as modificações nas características morfológicas, as alterações nas capacidades físicas condicionantes e a evolução relacionada às capacidades físicas coordenativas.
O estabelecimento de mecanismos objetivos e imparciais no processo de seleção de atletas, como também os fatores determinantes do sucesso esportivo em competições é uma constante preocupação, dada as implicações deste aspecto no rendimento esportivo futuro (BEDOYA, 1998 apud BEZERRA et al., 2008).
Já em relação à idade adequada para a seleção de talentos Campbell (1998 apud FILHO e BÖHME, 2001) explica que visando iniciar um treinamento sistematizado em uma modalidade esportiva, pode-se dizer que os processos detecção, seleção e promoção de talentos esportivos deveriam ocorrer por volta dos 11 aos 14 anos. Considerando que essas crianças já tenham passado por um sistema de iniciação desportiva onde tiveram a oportunidade de vivenciar a aprendizagem dos mais diversificados movimentos em diferentes modalidades.
No entanto, algumas modalidades esportivas, em função de características muito especificas, tais como a ginástica artística, a ginástica rítmica desportiva e a natação, entre outras, necessitam que esta seleção seja realizada um tanto precocemente, em razão do aproveitamento dos períodos sensíveis para a obtenção de determinados domínios motores e ou melhoria de determinadas capacidades motoras, como por exemplo, alto grau de flexibilidade nas articulações, o que só é possível por volta dos seis aos nove anos, salvo exceções em que o alto grau de flexibilidade é determinado geneticamente (FILHO & BÖHME, 2001).
Um exemplo de programa de seleção de talentos foi desenvolvido pela ex-German Democratic Repúblic (Alemanha Oriental) e pode ser utilizado como referencia na área de revelação de talentos, neste programa era realizado uma avaliação anual de aproximadamente 200.000 alunos, dos quais eram selecionados 20.000 através de testes simples para ingressar no programa básico de esportes. Destes, 2.000 alunos eram selecionados e ingressavam num programa avançado de esportes com o objetivo de selecionar 20 atletas de ponta (BAUERSFELD, 1990 apud DANTAS, 2008).
Bompa (2002) apresenta um modelo de seleção e treinamento a longo prazo de atletas para o alto rendimento, este programa apresenta características graduais, progressivas e sem incrementos bruscos na intensidade. A primeira etapa é denominada estágio de iniciação (6 a 10 anos de idade), onde a maioria das crianças não é capaz de lidar com exigências físicas e psicológicas do treinamento de alta intensidade ou competições organizadas, os programas de treinamento para esses jovens atletas precisam focar no desenvolvimento esportivo geral e não no desempenho de um esporte específico. O sistema cardiorrespiratório está em desenvolvimento e a capacidade aeróbica é adequada para a maioria das atividades, as capacidades anaeróbicas, no entanto, são limitadas nesse estágio, pois as crianças têm baixa tolerância ao acúmulo de ácido lático.
A segunda etapa sugerida por Bompa (2002) é conhecida como formação esportiva (11 a 14 anos de idade), durante este estágio recomenda-se aumentar moderadamente a intensidade do treinamento, o sistema cardiorrespiratório continua a se desenvolver e a tolerância ao acúmulo de ácido lático melhora gradativamente. É importante entender que as variações no desempenho podem ser o resultado de diferenças no crescimento. A terceira etapa é denominada como especialização (15 a 18 anos de idade), neste estágio os atletas são capazes de tolerar maiores exigências de treinamento e competição do que os outros nos estágios iniciais. Atletas que tenham participado de programas bem equilibrados começaram agora a praticar mais exercícios e repetições voltados especificamente para o desenvolvimento do alto desempenho em determinado esporte, ao final desse estágio, os atletas não devem apresentar grandes problemas técnicos. Assim, o técnico pode deixar a função de ensinar e assumir a função de orientar (treinar).
A última etapa apresentada por Bompa (2002) é o alto desempenho (acima dos 19 anos de idade) um plano de treinamento bem elaborado, baseado em princípios sólidos de desenvolvimento a longo prazo, resultará em alta performance, no entanto, resultados excepcionais no desempenho obtidos por atletas durante os estágios de iniciação, formação esportiva ou especialização não se correlacionam com os resultados de grande performance dos competidores.
Assim, para a realização de uma seleção de talentos com excelentes resultados, é de fundamental importância que o profissional de educação física utilize-se de bons métodos e um ótimo planejamento, além de estar sempre atento aos vários fatores que determinam o sucesso esportivo.
3.6 PROMOÇÃO DE TALENTOS ESPORTIVOS
Durante a seleção de talentos é necessário acompanhar o desenvolvimento dos jovens atletas em relação ao seu aprimoramento físico e também do conteúdo assimilado durante cada etapa, tendo os resultados de desempenho nessas analises como base na promoção desses indivíduos para a próxima etapa.
Em seus estudos Kiss et al. (2004) explica que a promoção de talentos esportivos envolve a utilização dos procedimentos de treinamento e outras medidas para obter o desempenho esportivo ótimo, ideal a longo prazo.
Para Böhme (1994 apud FILHO e BÖHME, 2001) promoção de talentos esportivos, pode-se entender como um processo de acompanhamento do desenvolvimento do atleta, no qual deve-se levar em consideração os índices morfológicos, nível de preparação física especial, nível de preparação técnica, nível de preparação tática, nível de preparação psicológica, possibilidades funcionais do organismo e os resultados obtidos em competições. Esse mesmo autor mostra que a promoção de talentos está diretamente relacionada ao desempenho dos atletas em cada uma das etapas da periodização do TLP, desempenho este que serve como parâmetro auxiliar para a elevação dos atletas a categorias ou equipes de nível superior dentro da modalidade específica.
Para uma promoção de talentos bem sucedida é necessário estar atento às condições sociais adequadas, desde o micro sistema familiar, a escola e as possibilidades de prática e treinamento esportivo oferecidas pela sociedade onde o jovem talento está inserido (BÖHME, 1995 apud MASSA 2006). Além dos atributos psicológicos pessoais do atleta, como determinação, concentração, dedicação e motivação para prática esportiva possivelmente serão características evidenciais desde a infância até a vida adulta (FILHO e BÖHME, 2001).
A respeito dos critérios e condições estabelecidos para a promoção de talentos Smolevskiy e Gaverdovskiy (1996 apud FILHO e BÖHME, 2001) indicam as seguintes informações: o resultado esportivo nas últimas competições; o estado psicológico na execução técnica e tática em condições de competição; o estado ótimo de saúde; o bom nível de preparo orgânico; as qualidades pessoais que determinam as relações sócias na equipe.
De acordo com Filho e Böhme (2001) a promoção prematura de atletas a níveis mais elevados de treinamento deve ser vista com cautela, as previsões de aptidão física são consideradas em geral válidas, por dois a quatro anos, devendo ser consideradas como um processo evolutivo sob constante avaliação, análise e revisão.
Os trabalhos que priorizam resultados a curto prazo, preparação especifica precoce, cargas unilaterais, monótonas e intensas de treinamento resultam em riscos que afetam o sucesso da promoção de talentos esportivos (RODRIGUES & BARBANTI, 1994 apud MASSA, 2006). Os procedimentos equivocados durante a fase de promoção do talento, podem fazer com que o jovem atleta abandone (drop-out – evasão) a prática esportiva devido a alguns fatores como as sobrecargas elevadas sobre os mesmos sistemas, provocando lesões e, com isso, o afastamento ou interrupção definitiva da prática esportiva (MARQUES, 1991 apud MASSA, 2006). Outro problema identificado é a saturação psicológica que pode ocorrer devido a quantidades inadequadas e exaustivas de treinamento, que afastam as crianças da atividade (WEINECK, 1999).
É importante que o processo de promoção de talentos seja entendido como continuo e a longo prazo, pois profissionais que não se baseiam em métodos e critérios muito bem definidos podem não respeitar o desenvolvimento natural e progressivo do jovem atleta, prejudicando a formação de possível talento esportivo.
Observando os processos de determinação, detecção, seleção e promoção de talentos esportivos já citados anteriormente, pode-se destacar que a trajetória de desenvolvimento de um talento pode apresentar uma seqüência progressiva de objetivos, adequados aos níveis de desenvolvimento da criança.
3.7 DESENVOLVIMENTO MOTOR
Baseado nos processos relacionados ao programa de seleção de talentos pode-se destacar outro conceito importante para o sucesso de um atleta que apresente características acima da média, o desenvolvimento motor.
Em suas pesquisas Connolly (2000 apud SILVEIRA et al., 2005) explica que muitas contribuições têm sido feitas ao entendimento do desenvolvimento motor do ser humano por meio de estudos que apontam similaridades nos padrões, o aparecimento ordenado de comportamentos no eixo temporal da vida, as diferenças individuais no curso do desenvolvimento, a importância funcional dos movimentos, a constatação de que movimentos estão envolvidos na realização de ações.
O processo de desenvolvimento motor do ser humano se inicia na concepção e se prolonga até a morte, deste modo ao longo da vida de uma pessoa, há uma ordem e coerência no conjunto de mudanças, o que permite identificar uma seqüência (KEOGH, 1977 apud OLIVEIRA, 2002). O fato do desenvolvimento ser visto como um fenômeno caracterizado por um inderterminismo limitado não exclui a idéia clássica de que as mudanças são ordenadas numa seqüência (MANOEL, 2000 apud SILVEIRA et al., 2005). O mesmo autor acrescenta que o desenvolvimento motor apresenta semelhanças nas mudanças ao longo da vida dos indivíduos, estabelecendo uma seqüência nos padrões do desenvolvimento, que podem ou não ser completadas em determinadas etapas.
Dessa forma a área cientifica se dedica ao estudo do desenvolvimento motor estabelecendo teorias e modelos, onde se identifica etapas e características de todo o processo do desenvolvimento motor.
Existe um número limitado de modelos e poucas teorias abrangentes do desenvolvimento (GAlLLAHUE & OZMUN, 2005). Alguns autores sugerem modelos que caracterizam o seqüênciamento da aquisição de habilidades motoras de acordo com a faixa etária (GETCHELL, 2004 apud SILVEIRA et al., 2005).
Uma das teorias mais importantes é a teoria desenvolvimentista, que foca-se em como as pessoas tipicamente são em faixas etárias particulares (descrição) e o que faz com que essas características ocorram (explicação) (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Esses mesmos autores complementam que ao longo de toda a vida pode-se observar diferenças de desenvolvimento no comportamento motor provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa em si (físicos/mecânicos).
Uma das principais formas pelo qual o processo de desenvolvimento motor pode ser observado é o estudo das alterações no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida, o movimento observável pode ser agrupado em três categorias: movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos ou pode ser combinações entre esses três (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Em seus estudos Gallahue & Ozmun (2005) consideram o processo do desenvolvimento motor sob o aspecto de fases e estágios denominados como: fase motora reflexiva que possui o estágio de codificação de informações e o estágio de decodificação de informações; fase motora rudimentar que é dividida em estágio de inibição de reflexos e estágio de pré-controle; a fase motora fundamental é descrita como o estágio inicial, estágio elementar e o estágio maduro; e como última fase a motora especializada que é composta pelos seguintes estágios: estágio transitório, estágio de aplicação e estágio de utilização permanente.
As fases e estágios do modelo de desenvolvimento motor de Gallahue e Ozmun (2005) são apresentados de forma ilustrativa como uma ampulheta heurística, que segue abaixo:
Fonte: Gallahue & Ozmun (2005, p. 57).
Antes de descrever as principais características do desenvolvimento motor em crianças e jovens, é necessário ressaltar um fator importante para o desempenho esportivo em qualquer modalidade, onde um rico processo de desenvolvimento motor antes dos 10 anos de idade é determinante na formação de um atleta talentoso. Bompa (1995 apud VIEIRA et al., 2003) afirma a importância das experiências com atividades motoras variadas para crianças que estejam neste período anterior aos 10 anos, já que considera ser um dos principais fundamentos para a construção do plano motor dos atletas e para a formação do vocabulário motor geral.
Manoel et al. (1995 apud SILVA, 1997) considera que as atividades motoras características de artes marciais proporcionam a conquista de habilidades diferentes no que diz respeito à locomoção, estabilização e manipulação. No Karatê a locomoção se dá através dos modos diferentes de locomover-se desde o andar ajoelhado (na maneira dos samurais até deslocamentos visando melhor momento para a execução de um golpe); a estabilização ocorre no jogo de equilíbrios dinâmicos, durante a execução de chutes e nas variadas formas de cair; a manipulação é manifestada em diferentes formas de movimentar os membros superiores e inferiores (SILVA, 1997).
As lutas podem auxiliar o profissional de educação física, sendo um método alternativo e diversificado no processo de enriquecimento motor infantil. Olivier (2000) propõe as atividades de lutas para crianças utilizando os jogos de oposição, onde estão inseridas principalmente as ações motoras de ataques e defesas, esses jogos são classificados em seis grupos denominados como jogos: rapidez e de atenção; conquista de objetos; conquista de territórios; para desequilibrar; para reter, imobilizar, livrar-se; para combate. Levando em considerações essas informações, as lutas podem contribuir no processo de desenvolvimento motor do individuo.
Para estabelecer um programa de seleção de talentos a modalidade Karatê é necessário compreender as mudanças e características relacionadas ao aspecto motor de crianças e jovens, baseado-se no modelo desenvolvimentista de Gallahue e Ozmun (2005).
3.7.1 FASE MOTORA REFLEXA (DENTRO DO ÚTERO ATÉ 1 ANO)
Os primeiros movimentos que o feto faz são reflexos, os reflexos são movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade reflexa, o bebê obtém informações sobre o ambiente imediato, os movimentos involuntários e a crescente sofisticação cortical nos primeiros meses de vida pós-natal são de extrema importância para auxiliar a criança a aprender mais sobre seu corpo e o mundo exterior (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Estes mesmo autores explicam que os reflexos primários de caminhar, arrastar-se, palmar de agarrar, corretivo labiríntico, sustentação estão todos intimamente relacionados a comportamentos voluntários como: caminhar e engatinhar, agarrar e soltar, habilidades posteriores de equilíbrio que serão apresentados pela criança em etapas posteriores.
Esta fase é composta por dois estágios, o primeiro o estágio de codificação de informações (agrupamento) tem por referencia a faixa etária aproximadamente de desenvolvimento de dentro do útero até os quatro meses de idade, é caracterizado pela atividade motora involuntária observável durante o período acima citado. Os movimentos fetais desempenham um papel crucial na regulação do desenvolvimento do sistema nervoso (PRECHTL, 1997 apud MANOEL, 2000). Os reflexos, agora, servem de meios primários pelos quais o bebê é capaz de reunir informações, buscar alimento e encontrar proteção por meio do movimento (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
O segundo estágio o de decodificação de informações (processamento) que começa aproximadamente no quarto mês de vida, onde pode se observar uma gradual inibição de muitos reflexos à medida que os centros cerebrais superiores continuam a se desenvolver. Neste estágio de decodificação substitui a atividade sensório-motora por habilidade perceptivo-motora, o que significa que o desenvolvimento do controle voluntário dos movimentos reflexos do bebê envolve o processamento de estímulos sensórios com informações armazenadas, não simplesmente reação aos estímulos (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
3.7.2 FASE DE MOVIMENTOS RUDIMENTARES (DO NASCIMENTO AOS 2 ANOS)
As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos rudimentares, observados no bebê desde o nascimento até, aproximadamente, a idade de 2 anos. Os movimentos rudimentares são determinados pela maturação e caracterizam-se por uma seqüência de aparecimento altamente previsível. Esta seqüência é resistente a alterações em condições normais, o ritmo em que essas habilidades aparecem, porém, varia de criança a criança e depende de fatores biológicos, ambientais e da tarefa (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Esta fase é composta do estágio de inibição de reflexos, que se inicia no nascimento onde os reflexos dominam o repertório de movimentos do bebê. Deste ponto em diante, entretanto, os movimentos do bebê são crescentemente influenciados pelo córtex em desenvolvimento. O desenvolvimento do córtex e a diminuição de certas restrições ambientais fazem com que vários reflexos sejam inibidos e gradualmente desapareçam. Os reflexos primitivos e posturais são substituídos por comportamentos motores voluntários. Os movimentos, embora intencionais, parecem descontrolados e grosseiros. Se o bebê deseja entrar em contato com um objeto, haverá atividade global da mão inteira, pulso, ombro e até do tronco. O processo de movimentar a mão para o contato com o objeto, apesar de voluntário, apresenta falta de controle (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
O estagio seguinte é o de pré-controle onde por volta de um ano de idade as crianças começam a ter precisão e controle maiores sobre seus movimentos. O rápido desenvolvimento dos processos cognitivos superiores e dos processos motores encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras rudimentares nesse estágio. Nesse estágio, as crianças aprendem a obter e a manter seu equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se pelo ambiente com contável grau de proficiência e controle (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
3.7.3 FASE DE MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS (DOS 2 AOS 7 ANOS)
Para Gallahue & Ozmun (2005) esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. Seaman & DePauw (1982 apud OLIVEIRA, 2002) descreveram este período como sendo a fase dos padrões motores, que envolvem formas mais seguras de respostas sensório-motoras.
É um período para descobrir como desempenhar uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e, então, de modo combinado. As crianças apresentam atividades locomotoras (correr e pular), manipulativas (arremessar e apanhar) e estabilizadoras (andar com firmeza e o equilíbrio em um pé só) são exemplos de movimentos fundamentais que devem ser desenvolvidos nos primeiros anos da infância (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Em seus estudos Meinel & Schanabel (1984 apud OLIVEIRA, 2002) explicam sobre as diferentes formas de movimentos esportivos para esta fase, como as combinações do saltar e correr, lançar e pegar, etc., por entender que na multiplicidade dos movimentos ainda falta nas crianças constância espacial, temporal, dinâmica e no rendimento dos movimentos para uma performance melhorada. No entanto, após a aquisição dos inúmeros padrões motores fundamentais, é necessário que se de um polimento para realizar combinações entre esses e outros padrões de movimento como equilíbrio sobre o pé, movimentos em torno do eixo, sustentação invertida, etc. (OLIVEIRA, 2002).
De acordo com Vieira et. al. (2003) em sua pesquisa houve relatos da infância de atletas talentosos onde foram desenvolvidas muitas atividades relacionadas com os padrões motores que envolveram o correr, o saltar e o arremessar, nota-se que nessa fase de estimulação motora não existia preocupação com a prática de esportes. Hettinger (1983 apud VIEIRA et al., 2003) recomenda uma preparação básica ampla, na idade infantil, de todas as formas de solicitação motora, isto parecer ser uma condição anterior importante à obtenção de um alto padrão de desempenho em uma determinada modalidade esportiva.
As condições do ambiente – o saber, oportunidades para a prática, encorajamento, instrução e o local do ambiente em si – desempenham papel importante no grau máximo de desenvolvimento que os padrões de movimento fundamentais atingem, além da importância da maturação durante o processo do desenvolvimento de padrões de movimentos fundamentais (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Por volta dos 2 a 3 anos de idade a criança encontra-se no primeiro estágio desta fase conhecido como estágio inicial. Onde a as primeiras tentativas da criança orientadas para o objetivo de desempenhar uma habilidade fundamental. O movimento é caracterizado por elementos que faltam ou que se apresentam em uma seqüência imprópria, marcadamente uso limitado ou exagerado do corpo e fluxo rítmico e coordenação deficientes (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
A criança pequena agora é capaz de se movimentar com mais facilidade, consegue se comunicar com uma clareza cada vez maior, percebe-se como uma pessoa separada com qualidades específicas e apresenta habilidades cognitivas e sociais que lhe permitem interagir de modo mais completo e bem-sucedido com as outras crianças (BEE, 2003). A autora ainda acrescenta que no início, essas habilidades recém-descobertas e essa nova independência não são acompanhadas por um grande controle dos impulsos, a criança de dois anos é muito boa em fazer coisas, ela não é muito boa em não fazer, caso frustrada, ela bate nos objetos, choraminga, grita ou berra.
Dos 4 aos 5 anos de idade normalmente a criança encontra-se no estágio elementar do desenvolvimento motor, que envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais, aprimora-se a sincronização dos elementos temporais e espaciais do movimento, mas os padrões de movimentos neste estágio são ainda geralmente restritos ou exagerados embora mais bem coordenados. Crianças de inteligência e funcionamento físico normais tendem a avançar para o estágio elementar principalmente por meio do processo de maturação, muitos indivíduos, tanto adultos como crianças, não vão além do estágio elementar em muitos padrões de movimento (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Em suas pesquisas Bee (2003) explica que crianças de três, quatro ou cinco anos que desenvolvem a capacidade de compartilhar, de interpretar bem as pistas dos outros, de responder a eles positivamente e de controlar a agressão e a impulsividade talvez seja bem-sucedida nos aspectos sociais, popular, aos oito anos. Em contraste a isso, a criança desobediente e hostil corre um risco bem maior de se tornar um aluno impopular, agressivo (EISENBERG et al., 1995 apud BEE, 2003). Em relação ao aspecto social durante o desenvolvimento humano Paim (2003) considera o período dos 5 a 6 anos de idade da criança de extrema importância, pois é neste período em que os fundamentos da personalidade do individuo começam a tomar formas claras e definidas.
O estágio maduro é o último estágio desta fase, neste estágio a criança encontra-se aproximadamente aos 6 a 7 anos de idade, o desenvolvimento da criança é caracterizado por desempenhos mecanicamente eficientes, coordenados e controlados. As habilidades manipulativas que requerem acompanhamento e interceptação de objetos em movimento (apanhar, derrubar, rebater) desenvolvem-se um pouco mais tarde, em função das exigências visuais e motoras sofisticadas dessas tarefas. Sem as devidas oportunidades para a pratica, encorajamento e a instrução em um ambiente adequado, possivelmente será difícil atingir o estágio maduro de certas habilidades nesta fase, o que vai inibir a aplicação e o desenvolvimento na fase posterior (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Em seu estudo Oliveira (2002) analisou os padrões motores correr, saltar, arremessar, agarrar, quicar e chutar, esses padrões motores normalmente vem sendo apresentados com pouca eficácia mecânica nas crianças aos sete anos de idade, apesar da importância dos padrões motores fundamentais estarem no estágio maduro.
Bee (2003) observou que nos relacionamentos com as outras crianças, a segregação de gênero passa a ser quase completa aos seis ou sete anos, sobretudo nas amizades individuais.
3.7.4 FASE DE MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS (DOS 7 AOS 14 ANOS E ACIMA)
Na fase especializada, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a diversas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Este é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. Os movimentos fundamentais de saltar em um pé só e pular, por exemplo, podem agora ser aplicados a atividades de pular corda, ao desempenho de danças folclóricas e ao desempenho do salto triplo no atletismo (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Em relação a esta fase Weineck (1991) comenta que a ampliação do repertório de movimentos não deveria consistir em uma grande quantidade de movimentos de pouco valor qualitativo, ou aprendidos pela metade, e sim de habilidades motoras aprendidas de forma correta. Ele ainda considera que a excelente capacidade de aprendizagem deve ser utilizada desde o início para uma aprendizagem exata, ficando atento para que nenhum movimento seja automatizado de forma errada, evitando que esse atleta no futuro tenha que desaprender o movimento e assimilar o movimento da forma mais correta.
Sobre a especialização Bompa (1995 apud VIEIRA, 2003) destaca como uma necessidade para qualquer modalidade esportiva alcançar a alta performance.
O tempo de reação e a velocidade do movimento, a coordenação, o tipo de corpo, a altura e o peso, os hábitos, a pressão do grupo social a que se pertence e a estrutura emocional são apenas alguns dos fatores relacionados à tarefa, individuais e ambientais nesta fase (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Aproximadamente dos 7 aos 10 anos de idade a criança encontra-se no estágio transitório. Para alcançar este estágio é necessário cercar essa criança de ótimos estímulos, baseado nas informações que já foram citadas nos estágios anteriores em relação ao processo de desenvolvimento motor infantil. Neste período, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte e em ambientes recreacionais, como exemplo de habilidades transitórias comuns, caminhar numa ponte de cordas, pular corda e jogar bola. A forma, precisão e controle dos movimentos são maiores do que no na fase anterior apesar de conterem os mesmos elementos. As crianças se encontram ativamente envolvidas na descoberta e na combinação de numerosos padrões motores e freqüentemente, ficam exultantes com a rápida expansão de suas habilidades motoras. É importante o cuidado para que a criança não restrinja seu envolvimento em certas atividades, especializando-se em outras. Um enfoque restrito das habilidades, neste estágio, provavelmente provocará efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios da fase de movimentos especializados (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
O segundo período desta fase é conhecido como estágio de aplicação, onde a idade da criança é aproximadamente dos 11 aos 13 anos. O indivíduo começa a tomar decisões conscientes a favor ou contra sua participação em certas atividades. Essas decisões fundamentam-se, em larga escala, no modo pelo qual a criança percebe até que ponto os fatores inerentes à tarefa, a si mesma e ao ambiente aumentam ou inibem a probabilidade de ela obter satisfação e sucesso. Esse auto-exame de forças e fraquezas, oportunidades e restrições, limitam as escolhas. Há ênfase crescente na forma, habilidade, precisão e nos aspectos quantitativos do desempenho motor. Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades de liderança e em esportes escolhidos (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Bee (2003) denomina este estágio como adolescência inicial, e ela considera uma época de transição, onde a mudanças significativas em quase todos os aspectos do funcionamento da criança, onde ela está assimilando uma enorme quantidade de experiências físicas, sociais e intelectuais novas.
O último estágio da fase de movimentos especializados é denominado como estágio de utilização permanente, neste período a idade da criança é aproximadamente dos 14 anos em diante. Este estágio representa o auge do processo de desenvolvimento motor e é caracterizado pelo o uso do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo por toda a vida. Interesses, competências e escolhas feitas durante a fase anterior são adquiridos e, mais tarde, refinados e aplicados atividades cotidianas, recreativas e esportivas ao longo da vida. Fatores como tempo, dinheiro, equipamentos e instalações disponíveis, e limitações físicas e mentais afetam as atitudes tomadas neste estágio (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
Lembrando que a especialização é acima de tudo uma opção em que o jovem atleta faz em sua vida, pois na maioria das vezes neste estágio os treinamentos iniciaram uma intensificação (VIEIRA et al., 2003). Este mesmo autor acrescenta que graças a esse aumento da intensidade dos treinamentos, o atleta tem um estilo diferente de viver, pois a especialização motora demanda alguns requisitos psicológicos, como a determinação e persistência. O que significa que muitas vezes o atleta acaba deixando em segundo plano sua vida pessoal em virtude do esporte.
Entre outros pontos, o nível de participação de um indivíduo em certas atividades dependerá de talento, oportunidades, condições físicas e motivação pessoal. O nível de desempenho permanente de um indivíduo pode variar desde o status profissional e olímpico até competições universitárias e escolares, passando pela participação em atividades esportivas organizadas ou não-organizadas, competitivas, cooperativas ou recreativas, até tarefas simples da vida diária. Apesar de ser considerado o ponto alto do processo do desenvolvimento motor este estágio é ainda, sobretudo uma continuação de um processo permanente. Faz-se necessário estruturar experiências motoras significativas apropriadas para seus níveis de desenvolvimento particulares (GALLAHUE & OZMUN, 2005).
3.8 KARATÊ
3.8.1 ORIGENS E HISTORIA DO KARATÊ
O Karatê atualmente é reconhecido sob o aspecto de modalidade esportiva, no entanto suas origens e toda sua trajetória foram de fundamental importância para determinar suas principais características como uma arte marcial. Desde o período que foi desenvolvido como arma em defesa de camponeses japoneses, passando a prática filosófica, tornando-se referência como atividade saudável a seu praticante até o seu desenvolvimento como esporte competitivo.
A necessidade de defender-se para sobreviver fez com que o homem desenvolvesse diversos métodos de Luta, em diferentes épocas e regiões do mundo (VIANNA, 2009). Esse mesmo autor complementa que em um momento e uma região, em especial, marcaram historicamente as artes marciais, quando em meados do século V, o monge indiano Bodhidarma, chegou a um mosteiro budista na China e nele desenvolveu um método de condicionamento físico com técnicas de luta sem armas. Com o objetivo de manutenção da saúde e a auto defesa em que, através de exercícios penosos, pretendiam fortalecer o corpo e a mente, essas técnicas foram difundidas pelo território chinês.
Com o tempo essas técnicas de Luta desarmada percorreram terras além do território chinês chegando a outros povos e culturas, onde foram adaptadas a necessidade da população local.
Ao leste do território chinês e ao sul do Japão encontra-se uma ilha chamada Okinawa, a maior ilha da cadeia Ryu-Kyu, de acordo com Nakayama (1987) esta ilha situa-se entre esses dois países, por isso aconteciam muitos intercâmbios comerciais e culturais, mas na época Okinawa pertencia à China, isso facilitou a introdução das técnicas de Lutas chinesas. Este mesmo autor explica que ao final da dinastia Ming, Okinawa passou ao domínio japonês, com a intenção de evitar a reação do povo nativo, proibiu o uso de armas, e assim sob pressão militar, a população desenvolveu nos utensílios de uso cotidiano e no próprio corpo meios de defesa, transformando esses utensílios e o corpo em armas.
Nesta época como única forma de defesa dos habitantes da ilha de Okinawa, as artes marciais não podiam ser reveladas a qualquer estranho, assim poucos registros a respeito desta Luta foram realizados, portanto toda a informação existente hoje sobre o seu passado histórico foi transmitida oralmente (FUNAKOSHI, 1994 apud VIANNA, 1996). Os treinamentos eram secretos e os alunos escolhidos, cada mestre desenvolvia técnicas segundo as suas características físicas e mentais, as características dos seus alunos e das suas zonas de influência, nesta época essas lutas já se destacavam em diferentes regiões da ilha, a vertente mais conhecida era denominada Okinawa-te, que mais tarde após algumas mudanças foi denominado como Karatê-Dô (VIANNA, 1996).
Após treinar com diferentes mestres de Okinawa, Gichin Funakoshi considerado como pai do Karatê-Dô moderno desenvolveu o estilo Shotokan , fundamentando-o nos princípios filosóficos do Budô e do Zen budismo, objetivando a evolução do espírito e do corpo conjuntamente e o desenvolvimento da auto confiança, da auto disciplina, do auto controle e da auto realização (FUNAKOSHI, 1989 apud VIANNA 1996). Funakoshi modificou o Karatê literal e filosoficamente de “Mãos Chinesas” para “Mãos Vazias”, em que KARA (vazio) e TE (mão) passaram a ter a conotação de defender-se desarmado e ter a mente livre do egoísmo e da maldade, DO (caminho) significa que esta arte marcial passou a representar a busca de um caminho ou disciplina a ser seguida por toda a vida, na construção da personalidade dos seus praticantes, fossem novos ou velhos, doentes ou saudáveis (NAKAYAMA, 1987). Com isso explica-se o significado literal de Karatê-Dô como “Caminho das mãos vazias”.
Para Funakoshi (1989, apud Vianna, 1996) a intenção do Karatê-Dô é formar o indivíduo cortes nos relacionamentos sociais, porém corajoso e determinado nas situações de injustiça, capaz de enfrentar milhões de adversários.
De acordo com Santos (2008) o ensino do Karatê tinha um objetivo militarista, sendo encarado como uma forma de cultivar uma força de vontade marcial, que ao ser ensinado desde cedo às crianças poderia ser-lhes úteis na sua formação pessoal e militar, assim foram cultivadas rotinas como o alinhamento tipo militar, resposta em voz alta ao professor, saudação ao local de prática e saudação no início e fim da sessão. O mesmo autor explica que este é o estereótipo da aula de Karatê que ainda hoje é preconizado em grande parte dos dojos .
Para o Karatê chegar ao Japão foi decisivo a “emigração” de um dos principais mestres dessa arte de Okinawa, Gichin Funakoshi que após seu sucesso, outros grandes mestres de Okinawa partiram da ilha para divulgar suas técnicas pelo território japonês como Mabuni e Miyagi (SANTOS, 2008). A este respeito à fusão do Karatê com a concepção japonesa de arte marcial, deu origem a quatro estilos principais conhecidos hoje como: Shotokan, Shito-ryu , Goju-ryu e Wado-ryu (OKINAWA, 1985 apud VIANNA, 1996).
Em suas pesquisas Figueiredo (2006 apud SANTOS, 2008) explica que em 1924, Funakoshi estabeleceu o modelo padrão de graduações de nível de prática. Também durante o decorrer deste ano ocorreu outro passo significativo para o desenvolvimento futuro da modalidade, ao ser criado o primeiro dojo universitário que permitiu formar instrutores de Karatê com níveis acadêmicos superiores e projetar uma imagem positiva da modalidade, até 1935, surgiram mais de três dezenas de dojos espalhados por escolas secundárias, institutos e até, associações de negócios (COOK, 2001 apud SANTOS, 2008).
No período da II Guerra Mundial, os soldados e a população japonesa foram treinados por mestres de artes marciais para resistirem ao ataque aliado, tal fato determinou o surgimento de vários estilos (VIANNA, 1996). Com isso foi despertado o interesse dos aliados, a incrível capacidade dos pequenos japoneses em se defenderem sem armas (SILVARES, 1987 apud VIANNA, 1996).
De acordo com Vianna (1996) após a guerra, a imigração dos japoneses e o interesse das tropas de ocupação em adquirirem as técnicas, foram os responsáveis pelo início da difusão do Karatê pelo mundo. Santos (2008) acrescenta que o momento pós-guerra foi ideal para o surgimento de novas metodologias e novas formas de estar nesta arte marcial, também foram adicionadas novas influências ocidentais, repletas de novas estratégias de ensino, e de um modelo de formação estruturado e institucionalizado.
Os militares americanos entraram em contato com o Karatê, no Japão, ao regressarem à sua pátria os americanos divulgaram suas aprendizagens em relação a esta arte marcial oriental (SANTOS, 2008).
Algumas situações foram de fundamental importância para o desenvolvimento dessa arte marcial como sua prática de defesa pessoal ainda secreta em Okinawa, mais tarde sendo levado ao território japonês onde desenvolveu-se e inovou-se junto aos movimentos universitários e, após a II Guerra Mundial foi difundido mundialmente, é importante ressaltar que na atualidade esta prática procura um equilíbrio entre permanecer atrativa na sociedade atual sem perder suas tradições.
Nakayama (1987) destaca que no Japão esta luta desenvolveu-se não apenas como uma defesa pessoal, mas também como uma filosofia de vida, em virtude de seus grandes mestres se tornou uma arte marcial mundialmente conhecida.
Em relação ao Karatê no Brasil, existem estudos como de Silvares (1987 apud VIANNA, 1996), que apontam Yasutaka Tanaka e Sadame Uriu como responsáveis pela introdução oficial do Karatê no país, na cidade do Rio de janeiro. Outros estudos apontam como primeiro mestre a introduzir o Karatê oficialmente no país foi o mestre Mitsuke Harada em São Paulo, seguindo-se de Juichi Sagara (SP), Yasutaka Tanaka e Sadame Uriu (RJ), Higashionna (DF) e Eisuku Oishi (BA) (MANUAL DO KARATÊ, 1991 apud VIANNA, 1996).
Professor Aldo Lubes é considerado um dos principais pioneiros no estado do Paraná em relação ao Karatê, o qual recebeu ensinamentos do mestre Juichi Sagara no estado de São Paulo (FPRK, 2003).
Considerando os processos históricos envolvendo esta arte marcial e sua disseminação ao redor do mundo, em conseqüência do trabalho de muitos mestres, na atualidade a entidade de organização mundial a WKF (World Karatê Federation) constitui-se de 181 países filiados, e mais de 55 milhões de praticantes em todo o mundo (CBK, 2007).
3.8.2 A PRÁTICA DO KARATÊ
O treinamento do Karatê divide-se em três práticas principais: Kihon (fundamentos), Kata (forma ou padrão) e Kumite (encontro de mãos).
A prática do Kihon constituí do treinamento dos fundamentos, de acordo com as técnicas básicas fundamentais de cada estilo (Santos, 2008). O Kata pode ser definido como uma espécie de luta contra vários inimigos imaginários e expressa seqüências fixas de movimentos (NAKAYAMA, 1987). As técnicas que compõe o Kata foram passadas de geração em geração, de professor para aluno, sendo considerada a principal forma de manutenção das tradições do Karatê, para uma boa execução de um Kata é necessário o uso correto das técnicas, a aplicação ideal da força, controle da respiração e de várias habilidades coordenativas (FILHO et al., 2009). Atualmente somente os Kata de quatro estilos são reconhecidos pela WKF, que são: Goju-ryu, Shito-ryu, Shotokan e Wado-ryu (WKF, 2010).
Kumite é a luta propriamente dita, Neves (2009) acrescenta que durante aplicação das diferentes técnicas é proibido tocar no alvo, o que leva à interrupção das técnicas antes de atingir o ponto vital do oponente. Em sua forma mais básica é combinada (com movimentos predeterminados) entre os lutadores para, posteriormente, alcançar o jyu kumite (combate livre ou sem regras). Para isso a necessidade do conhecimento de três alturas básicas na execução destes Kumites: Jodan (nível superior: área da cabeça, rosto e pescoço) Chudan (nível médio: área do tórax, abdome, costas e laterais do tronco) e Gedan (região inferior do corpo) (NAKAYAMA, 1966).
Em suas pesquisas Nakayama (1977 apud NEVES, 2009) divide o Kumite em cinco partes: Gohon Kumite consiste em uma forma de combate predefinido é executado com cinco passos, onde Uke (defensor) bloqueia os primeiros ataques e contra-ataca no último, considera a posição, a estabilidade, a potencia; a fase seguinte é o Sanbon Kumite, com três passos ou três ataques, neste tipo de kumite inclui-se um ritmo diferente na ação dos ataques, onde Uke tem que adaptar-se a Tori (atacante), no final dos três passos Uke executa um contra-ataque; Ippon Kumite (forma de combate predefinida) realiza-se sobre a condição de um só passo, onde Tori ataca a Uke e este se defende e contra-ataca com uma técnica considerada decisiva; Jyu Ippon Kumite (forma de combate semi-livre) esta fase é semelhante a anterior, porém de mais livre, sem conhecimento prévio da técnica de ataque nem em que parte do corpo será dirigida; Jyu Kumite (combate livre) nesta fase pode ser explicada como um vale tudo, desde técnicas de todo tipo tanto braços como de pernas, até luxações, projeções, estrangulamentos e muitas outras técnicas (ESTIVALES, 2008). O combate desportivo ou combate com regras, é denominada como Shiai-kumite (NAKAYAMA, 1987).
3.8.3 DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO DO KARATÊ
O Karatê esportivo se divide em duas modalidades o Kata e o Shiai-Kumite (combate com regras), no entanto neste estudo a atenção estará focalizada ao Shiai-Kumite, pois o programa de seleção de talentos destina-se a atletas específicos de luta. Ainda assim, o Kata pode ser utilizado como uma ferramenta relevante no processo de desenvolvimento desses atletas.
Cook (2003, apud SANTOS, 2008) afirma que Nakayama propôs em 1956 as primeiras regras de competição de Karatê. Com isso, nos anos 50 as universidades no Japão começaram a promover competições de Karatê. O 1° Campeonato Mundial de Karatê foi realizado em 1970 na cidade de Tóquio, Japão, com a participação de 33 países e, desde então, cada campeonato mundial tem sido promovido de dois em dois anos. Em 2002, o 16° Campeonato Mundial realizado em Madri/Espanha teve a participação de 84 países (CBK, 2004).
Devido popularidade global do Karatê como esporte, a formação de uma federação internacional de Karatê tornou-se necessária. Em 1970, a União Mundial das Organizações de Karatê (WUKO) foi criada. No ano de 1985, a WUKO foi oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1993, na Argélia, para adaptar-se às regras do Comitê Olímpico Internacional, a Federação Mundial de Karatê (FMK), também conhecida como World Karatê Federation (WKF), absorveu a antiga WUKO, fato este que trouxe um desenvolvimento direcionado à promoção do Karatê mundial. Em 1999 o COI em sua 109° sessão (Seul), certificado do COI confirmou o reconhecimento em caráter definitivo da FMK/ WKF, de acordo com o artigo 29 da carta Olímpica, como a federação mundial dirigente da modalidade Karatê (CBK, 2004). No Brasil a entidade nacional de administração desta modalidade é a Confederação Brasileira de Karatê – CBK (representante de 26 federações estaduais), que está filiada a WKF e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro – COB (CBK, 2004).
No estado do Paraná em 1984 foi fundada oficialmente a Federação Paranaense de Karatê (FPrK), no entanto suas atividades já datam desde 1972 com a realização do 1° Campeonato Paranaense de Karatê com participação das associações: Maringá ( Maringaense - professor Aldenor Castro), Londrina (Londrinense – professor Norio Haritani) e Curitiba (Kodokan Força e Persistência – professor Aldo Lubes). A Federação paranaense de Karatê é filiada a Confederação Brasileira de Karatê (FPRK, 2003).
No entanto, ao longo dos anos sugiram divergências nos aspectos mundiais, nacionais e estaduais, desta maneira sugiram outras entidades relacionadas à prática do Karatê, com seus próprios regulamentos e circuitos de competição (TESTA, 2007). Dificultando assim o pleito de uma vaga nos Jogos Olímpicos para o Karatê, apesar de já ser considerado esporte olímpico, participando efetivamente do circuito promovido pelo Comitê Olímpico Internacional, como os Jogos Pan-Americanos, os Sul-Americanos, os Asiáticos e os Europeus (FERREIRA, 2006).
3.8.4 SHIAI-KUMITE
O Karatê de competição é o jogo de reflexos que exige “timing” , velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalece honra, lealdade e senso de compromisso. Durante os combates, todos os golpes, embora fortemente focalizados, devem ser controlados precisamente antes do contato. Embora seja muito excitante de assistir, o campeonato de Karatê é considerado, pela maioria dos mestres, como um degrau e não como o objetivo principal no desenvolvimento do karateca (CBK, 2004).
De acordo com WKF (2010) o kumite consiste em uma forma livre contra um adversário, os confrontos são caracterizados por 3 minutos de atividade de alta intensidade envolvendo chutes, socos e rápidos deslocamentos horizontais, um dos principais critérios para a pontuação em uma competição esportiva de karatê é a aplicação vigorosa de chutes e socos.
Para Mori et al., (2002 apud BRITO et al., 2006), a luta na modalidade Karatê requer reações rápidas, para que o lutador não seja acuado pelo adversário, além de exigir alta capacidade de velocidade e força para golpear o oponente, muitas vezes o nível técnico dos lutadores se equivalem, fazendo com que uma competição seja definida por detalhes.
Outra definição utilizada caracteriza o Kumite esportivo como sendo um tipo de confronto entre duas pessoas com oposição direta e contato físico controlado, na sua estrutura funcional encontra movimentos acíclicos de luta, como deslocamentos, rotações, saltos e varrimentos que se constituem como movimentos técnico-táticas preparatórios para ações ofensivas de membros inferiores e superiores diretos, circulares, bloqueios, derivações, esquivas, entre outros (FIGUEIREDO, 1994 apud SANTOS, 2008).
Neste contexto Nunan (2006 apud SANTOS, 2008) explica que esta luta resulta de algumas ações realizadas a baixa intensidade (deslocamentos à frente, à retaguarda e laterais e os constantes “mini-saltitares” que o atleta realiza) em conjunto com a execução de técnicas ofensivas ou defensivas de curta duração, mas de máxima intensidade o que resulta em uma atividade de alta-intensidade intermitente. Estas seqüências de movimentos são interrompidas sempre que um atleta pontue, cometa uma infração ou após uma ação ou série de ações o árbitro considere importante parar o combate e trazer os atletas para o centro do tatame (VOLTARELLI et al., 2009).
Roschel et al., (2009) acrescenta que todas as ações são realizadas sem cargas externas e, geralmente, o mais rápido e poderoso possível, as características únicas das ações motoras no Shiai-Kumite exigem uma avaliação da força que pode ser capaz de classificar atletas em diferentes níveis competitivos.
Alguns esportes de lutas apresentam características semelhantes ao Karatê, como no judô: também a divisão das categorias por peso fazendo com que as características dos atletas sejam diferentes em cada uma delas; embora exista a necessidade de avaliar a condição física dos indivíduos, os aspectos técnico-táticos deverão fazer parte de uma avaliação após um período de aprendizado da modalidade; os aspectos psicológicos devem ser considerados, tanto em relação à aderência ao treinamento como para enfrentar a situação competitiva (FRANCHINI, 2001). Considerações importantes para realização de um programa de seleção de talentos para uma modalidade de luta.
3.8.5 ÁREA DE COMPETIÇÃO DO SHIAI-KUMITE
A área de competição é formada por peças de tatames aprovados pela WKF, onde deve ser um quadrado medindo 8 x 8 metros, com uma área adicional de dois metros em todo o perímetro como zona de segurança, nas categorias Infantis “B” e “A” (10 e 11/ 12 e 13 anos) a área de competição é menor de 6 x 6 metros. A área de um metro de largura antes da linha limite da área de competição deverá ser de uma cor diferente do resto da área de competição (WKF, 2010).
Segue abaixo a figura ilustrando a área de competição de Shiai-Kumite:
Fonte: WKF (2010, p. 46).
3.8.6 EQUIPAMENTOS OFICIAIS
Os competidores devem usar um Karate-gi branco, o emblema ou bandeira do país deve colocar-se na parte esquerda do peito. Um competidor utilizará a faixa vermelha e o outro a faixa azul na cintura (WKF, 2010).
De acordo com o regulamento da WKF (2010) os equipamentos de proteção, são obrigatórios os seguintes: Luvas; protetores de tíbia (caneleiras); protetores de pé, os itens citados anteriormente o atleta deverá ter um par nas cores vermelha e azul; protetor bucal; protetor de peito feminino; coquilha (optativa). Para os juvenis (cadetes) além dos protetores já citados será obrigatória a utilização da nova máscara facial e o protetor corporal. Todos os equipamentos de proteção devem ser homologados pela WKF.
3.8.7 ORGANIZAÇÃO DA COMPETIÇÃO
De acordo com a WKF (2010) as competições de Kumite podem ser divididas em individual e por equipes. A também a divisão de categorias por idade, a nível mundial a categorias de idade são: Juvenil (14 e 15 anos), Júnior (16 e 17 anos), Sub-21 (18,19 e 20 anos) e Sênior (acima de 18 anos). Em âmbito nacional além das divisões já citadas, a também a divisão Infantil “A” (10 e 11 anos) e também infantil “B” (12 e 13 anos) (CBK, 2010).
O combate individual pode ser subdividido em categorias de peso. Nas competições por equipe, cada equipe deve ter um número impar de competidores, as equipes masculinas se compõe de sete membros, dos quais competirão cinco em cada eliminatória, as equipes femininas serão compostas de quatro membros, quais competirão três em cada eliminatória. Todos os atletas são membros da equipe, não existem reservas fixas. Antes de cada eliminatória, um representante de cada equipe apresentará à mesa oficial um formulário oficial definindo os nomes e a ordem de combate dos membros competidores da equipe. Os participantes selecionados entre os sete atletas da equipe, e a ordem de combate poderão ser trocados em cada rodada, porém uma vez comunicado não se poderá trocar até que a rodada esteja completa (WKF, 2010).
3.8.8 CLASSIFICAÇÕES DOS PESOS
Em competições de lutas no Karatê os atletas são divididos por categorias de pesos, diferentes em cada divisão pro idade e entre masculino e feminino. Os pesos masculinos e femininos das categorias Infantil “B” e “A” seguem descritos na quadro 02, e nas categorias masculinas e femininas juvenil, junior, sub-21 e Sênior na quadro 03, que seguem abaixo:
Quadro 02 – Categorias de peso.
Infantil “B” – Masculino e feminino (10 e 11 anos)
Categorias de Peso - 30 Kg. - 35 Kg. - 40 Kg. - 45 Kg. - 50 Kg. + 50 Kg
Infantil “A” (12 e 13 anos)
Categorias Femininas - 35 Kg. - 40 Kg. - 45 Kg. + 45 Kg.
Categorias Masculinas - 35 Kg. - 40 Kg. - 45 Kg. - 50 Kg. + 50 Kg.
Fonte: CBK (2010, p. 4).
Quadro 03 – Categorias de peso
Kumite individual Masculino
Juvenil (14 e 15 anos) - 52 kg. -57 kg. -63 kg - 70 kg. + 70 Kg.
Junior (16 e 17 anos) - 55 Kg. - 61 Kg. - 68 Kg. - 76 Kg. + 76 Kg.
Sub-21 (18, 19 e 20 anos) - 68 Kg. - 78 Kg. + 78 Kg.
Sênior (acima de 18 anos) - 60 Kg. - 67 Kg. - 75 Kg. - 84 Kg. + 84 Kg.
Kumite individual Feminino
Juvenil (14 e 15 anos) - 47 kg. - 54 kg. + 54 kg
Junior (16 e 17 anos) - 48 Kg. - 53 Kg. - 59 Kg. + 59 Kg.
Sub-21 (18, 19 e 20 anos) - 53 Kg. - 60 Kg. + 60 Kg.
Sênior (acima de 18 anos) - 50 Kg. - 55 Kg. - 61 Kg. - 68 Kg. + 68 Kg.
Fonte: WKF (2010, p. 48).
Graças às divisões de peso algumas considerações em relação à redução de peso realizada por atletas nesta modalidade são importantes.
As modalidades de lutas incluindo o karatê têm por principal motivo para redução de peso a classificação na categoria competitiva, com o objetivo de obter o peso mínimo com manutenção do rendimento máximo (FOGELHOLM, 1994 apud ROSSI et al., 2004). A este respeito Brouns et al., (2002 apud ROSSI et a., 1999) acrescenta que a maioria dos atletas que participam de competições com pesagem, como por exemplo, Karatê, Judô, Boxe ou Luta Greco-Romana, competem em categorias de peso de 5 a 10% menores do que seu peso habitual.
Os métodos utilizados para a perda de peso podem ser classificados como: rápidos, nos quais os objetivos são alcançados em menos de uma semana e até horas antes da pesagem normalmente utilizando de estratégias como a desidratação; graduais, onde a redução leva um período superior a sete dias (ROSSI et al., 1999).
Sobre o método rápido de perda de peso que normalmente apóia-se na estratégia da desidratação Marins et al., (2000 apud BRITO et al., 2006) aponta 21 manifestações fisiológicas negativas para o atleta em conseqüência da desidratação.
Santos (2008) explica sucintamente que o peso é o resultado da combinação entre Massa Gorda e Massa Isenta de Gordura, sendo que a categoria de peso em que o atleta se encontra, deve ser aquela que melhor representa uma proporção correta entre esses dois componentes e outros fatores, como a altura e o comprimento dos segmentos.
3.8.9 DURAÇÃO DOS COMBATES
A duração de um combate de Shiai-Kumite é realizada em três minutos para o adulto (sênior) masculino, tanto no individual quanto na equipe e quatro minutos nos encontros individuais para a disputa de medalhas. Para o adulto (sênior) feminino, será de dois minutos tanto no individual quanto na equipe e três minutos nos encontros individuais para disputa de medalhas. Para o Júnior e Juvenil (cadete) a duração dos encontros será de dois minutos em todos os casos (WKF, 2010). Nas competições infantis o tempo é de 1 minuto e 30 segundos (CBK, 2010).
O tempo do combate é cronometrado, inicia-se no comando do árbitro central, e para a cada vez que o arbitro central diz “yame” (parar). Quando faltam dez segundos para o final da luta toca-se uma campainha, e também no final da mesma (WKF, 2010).
Um combate pode ser terminado ao final do tempo indicado a cada categoria, quando um atleta abre a diferença de 6 pontos (categoria infantil) ou 8 pontos (para as demais divisões de idade) em relação ao seu adversário, ou quando um dos atletas é considerado sem condições para a continuação do combate. Em combates individuais, no caso de haver um empate, se eliminarão do marcador todas as pontuações e penalizações e se iniciará uma prorrogação por mais um minuto (Sai-Shiai). Um Sai-Shiai é um novo combate, que ao final decidirá o ganhador. Caso ao final do tempo ninguém tenha pontuado, ou as pontuações sejam iguais, a decisão será tomada por uma votação final do árbitro e dos três juízes (hantei) (WKF, 2010).
3.8.10 PONTUAÇÕES
De acordo com a WKF (2010) as pontuações utilizadas são denominadas como: Sanbon (três pontos), Nihon (dois pontos) e Ippon (um ponto). Para se pontuar durante um combate de karatê é de fundamental importância o conhecimento dos critérios de pontuação, as limitações das zonas de pontuação do corpo e as técnicas recomendadas para cada nível de pontuação.
Para que uma técnica seja pontuável é necessário que ela esteja adequada a seis critérios definidos pela WKF:
1 Boa forma refere-se a uma técnica que lhe confira uma eficácia provável, dentro dos conceitos do Karatê tradicional;
2 Atitude desportiva é a clara atitude, não mal intencionada, e de grande concentração durante a realização da técnica pontuável;
3 Aplicação vigorosa define a potência e a velocidade de uma técnica, e vontade de que esta tenha êxito.
4 “Zanchin” (estado de alerta) é o estado de alerta contínuo em que o competidor mantém total concentração, observação e consciência do potencial do oponente para contra-atacar.
5 Tempo apropriado (timing) significa realizar uma técnica quando esta tem um maior efeito potencial.
6 Distância correta significa o mesmo que executar uma técnica no momento preciso em que esta tem um maior efeito potencial. Portanto, se a técnica é executada sobre um oponente que está distanciando rapidamente, nesse caso o efeito potencial do golpe é reduzido. Em relação a golpes de socos ou de chutes que cheguem a um toque superficial ou cinco centímetros do rosto, cabeça e pescoço devem ser consideradas dentro de uma distância correta. Nas competições de Infantil, Juvenil e Júnior não se permite contato algum no rosto, cabeça e pescoço, salvo um contato muito ligeiro para chutes Jodan, e a distancia para se pontuar é incrementada até 10 centímetros.
Além desses seis critérios é importante que a técnica seja aplicada em uma zona pontuável do corpo como: cabeça, rosto, pescoço, abdômen, peito, costas e flancos (zona lateral). Os tipos de técnicas apropriadas para cada pontuação são: em caso de pontuação Sanbon (três pontos) são as aplicações de chutes Jodan (define-se rosto, cabeça e pescoço) ou qualquer técnica pontuável que se realize sobre um oponente que tenha caído ou tenha sido derrubado; a pontuação Nihon (dois pontos) é concebida quando se aplica chutes Chudan (área: abdômen, peito, costas e zona lateral); o Ippon (um ponto) é concedido em casos de qualquer golpe de punho Tsuki (soco) sobre qualquer das sete zonas pontuáveis (WKF, 2010).
3.8.11 COMPORTAMENTOS PROIBIDOS
Na competição de Karatê os comportamentos proibidos são divididos em duas categorias.
A primeira é denominada de Categoria 1 que são técnicas que tenham contato excessivo, levando em conta a zona pontuável atacada, e técnicas que toquem a garganta; ataques a braços ou pernas, genitálias, articulações, tornozelos e ao peito do pé; ataques ao rosto com técnicas de mão aberta; técnicas de queda perigosas ou proibidas (WKF, 2010).
A segunda é a Categoria 2 é composta de comportamentos proibidos relacionados à simulação ou exagerar uma lesão; saídas repetidas da área de competição (Jogai); colocar-se em perigo com um comportamento de expor-se a ser lesionado pelo oponente, ou não tomar as medidas de autoproteção adequadas (Mubobi); evitar o combate com a finalidade de que o oponente não tenha oportunidade de marcar pontos; agarrar, empurrar ou permanecer agarrado um ao outro sem tentar derrubar o oponente ou executar uma técnica; técnicas que por sua natureza não possam ser controladas com referência a segurança do oponente, ataques perigosos e sem controle; ataques com a cabeça, joelhos ou cotovelos; falar ou provocar o oponente, desobedecer às ordens do árbitro, qualquer tipo de comportamento descortês com os árbitros e juizes, ou outras faltas de comportamentos (WKF, 2010).
3.8.12 TIPOS DE PENALIZAÇÕES
Na competição esportiva existem cinco níveis de penalizações: Chukoku (advertência) é a primeira penalização e pode ser impostas por infrações menores repetidas ou pela primeira vez de uma infração menor; Keikoku trata-se de uma penalização que determina um Ippon (um ponto) a pontuação do adversário; A terceira penalização trata-se do Hansoku Chui, que determina a soma de Nihon (dois pontos) à pontuação do adversário. Se impõe normalmente pro infrações para as quais se tenha dado previamente Keikoku neste combate; Hansoku impõe-se como conseqüência de uma infração muito grave ou quando já foi dado Hansoku-chui. Supõe a desclassificação do competidor. Em competições por equipes, a pontuação do competidor penalizado será considerada zero e do oponente em oito pontos; A penalização mais grave é o Shikkaku, consiste na desclassificação do torneio, competição ou combate, Shikkako deve ser dado quando um competidor atua maliciosamente, não obedecendo às ordens do árbitro ou quando comete um ato que denigre o prestígio e a honra do Karatê-Dô, ou por outras razôes que violem as regras e o espírito do torneio (WKF, 2010).
As penalizações da Categoria 1 e Categoria 2 não se acumulam entre si. Uma penalização pode ser imposta diretamente por uma infração ao regulamento, porém uma vez dada a sua reincidência nessa categoria de infração deve ser acompanhada por um aumento na gravidade da penalidade imposta.
3.8.13 TÁTICAS E ESTRATÉGIAS
De Paula (1996) destaca a importância do atleta escolher uma estratégia segura e confiável, e também de estudá-la intensivamente e incorporar nela táticas que o levem à vitória. Este mesmo autor explica que a estratégia escolhida não deve ser mudada constantemente, pois faz parte do estilo do lutador, porém, as táticas devem ser as mais diversas, e devem ser mudadas de acordo com cada adversário, com o clima, o tipo de competição, e outros motivos menores, que apesar de serem menores são os maiores culpados por uma derrota.
Um componente importante nas táticas e estratégias de Karatê é denominado “Maai” que significa a distância entre os adversários, que pode ser longa, média ou curta, isso vai depender do físico e a técnica tanto de um atleta quanto do seu adversário (NAKAYAMA, 1978). Para o mesmo autor a distância ideal, pode significar manter o adversário afastado de você e ao mesmo tempo estar próximo a ele, essa aplicação correta pode desempenhar um papel fundamental na decisão final pela vitória ou derrota, por isso da importância do treinamento e domínio do Maai mais vantajoso para cada individuo.
Na competição de Karatê existem algumas táticas básicas, mais ainda muito eficientes durante o combate, o Sen-no-sen (ataque) é a tática onde o atleta faz um ataque antes de algum ataque do oponente, já o Go-no-sen (contra-ataque) tem o propósito de contra-ataque, esta tática deixa o oponente atacar primeiro para aplicar um contra-golpe, outra tática é denominada Deai é considerado a antecipação ao golpe adversário, ou seja, é sentir a intenção do oponente em atacar e golpeá-lo antes de uma ação dele, nesta tática é necessário um elevado conhecimento técnico, além de um alto grau de concentração e extrema explosão muscular (BRAGA, 2009).
Outro aspecto de grade importância para a escolha da tática mais correta é o conhecimento profundo do regulamento da competição como, por exemplo, o impacto não é explicitamente procurado na competição, mas, como sua conseqüência biomecânica inerente, dependendo da quantidade de movimento elevados, torna-se a velocidade, um critério explicito de pontuação e qualidade física mecanicamente importante (critério aplicação vigorosa), além disso, interessa taticamente chegar ao adversário dificultando as suas reações de defesa (FIGUEIREDO & DIAS, 2002 apud SANTOS, 2008).
Quer no ataque em que o praticante toma a iniciativa antes (Sen-no- sen), quer naquele em que toma a iniciativa depois (Go-no-sen), a execução de uma técnica só será eficaz se o atleta tirar proveito do momento oportuno, onde o adversário encontre-se sem nenhuma chance de reação a sua técnica (NAKAYAMA, 1978). Este mesmo autor acrescenta a importância de que o atleta esteja atento a estes momentos oportunos ou ele mesmo crie essas aberturas, como atrair a atenção do adversário com uma técnica a nível do rosto, mas deixando a chance de aplicar o golpe decisivo na região do abdômen.
Outros componentes do combate devem também ser observados como a região do tatame utilizado (centro, laterais ou cantos) para a melhor visibilidade do golpe pelo árbitro, já que o combate de Karatê sofre grandes influencias das decisões arbitrais, atenção e controle ao tempo de luta, também a observação do estado físico e mental do atleta e do seu adversário antes do combate.
Para De Paula (1996) o adversário pode até ter conhecimento de sua estratégia, seu estilo, mas ele nunca pode descobrir a tática que você irá empregar, nunca deve-se demonstrar a real intenção de atacar ou defender.
3.8.14 CARACTERÍSTICAS DE ATLETAS DE SHIAI-KUMITE
Roschel et al., (2009) explica que na atualidade ainda encontra-se dificuldade em construir um perfil de lutadores de Karatê, mesmo que a literatura apresente informações dispersas sobre alguns aspectos relacionados ao desempenho esportivo de Karatecas.
A este respeito Lehmann (1996 apud VOLTARELLI et al., 2009) observa que atletas de sucesso nesta modalidade possuem tanto excelentes habilidades técnicas e táticas como níveis elevados de condicionamento físico.
Em suas observações Terra (2009) define os atletas de Shiai-Kumite de três formas: físico/ técnico, tático/ racional e emotivo. Normalmente atleta físico/ técnico pode apresentar uma grande dominância motora, aspectos físicos fortes, a técnica é apurada, utiliza-se muito bem tanto das táticas defensivas quanto das ofensivas e geralmente procura lutar no centro da área de competição; O atleta tático/ racional normalmente prefere as táticas defensivas (passivo), comete poucas falhas, prefere não ir para o corpo a corpo e tem a característica de pensar sempre antes de uma ação; Os competidores emotivos são mais fortes nas táticas ofensivas (ativo) e mais fracos nas defensivas, apresentam um comportamento aguerrido, muitas vezes agem por impulso sem pensar nas conseqüências, e por isso apresentam uma alta taxa de erros durante a competição.
3.8.15 SHIAI-KUMITE E SUAS CARACTERITICAS FISIOLÓGICAS
Os primeiros estudos realizados com o propósito de caracterizar o esforço durante o Shiai-Kumite, como o de Baker (1990 apud SANTOS, 2008) definiam o evento da luta como sendo de grande intensidade e, consequentemente, a sua predominante fonte de energia proviria do sistema anaeróbico. No entanto, estudos mais recentes indicam que o perfil metabólico desta prova é predominantemente aeróbico, obtendo alguma suplementação do sistema dos fosfatos (anaeróbico alático) (BENEKE et al., 2004 apud SANTOS, 2008).
Brito et al., (2006) apresenta outra definição sobre o aspecto fisiológico das lutas nesta modalidade, ele a caracteriza como anaeróbica intermitente, em que a força explosiva e a flexibilidade de membros superiores e inferiores são importantes para o desempenho do atleta.
Em suas pesquisas Beneke et al. (2004 apud ROSCHEL et al., 2009) apresentou dados em que atletas de Karatê chegam a executar uma média de 16.3 ± 5.1 ações decisivas durante toda luta, resultando em um tempo de ação de alta intensidade total de 19.4 ± 5.5 segundos durante os 3 minutos de combate. Para este mesmo autor embora só os chutes e socos sejam considerados anaeróbio alático e dependentes da força muscular, a repetição dessas ações motoras envolvem a via aeróbia como a principal (77,8% ± 5,8%) para o total de energia produzida durante um confronto de Kumite.
No regulamento atual desta modalidade, o combate é apenas interrompido sob algumas circunstâncias, o que diminuem sobremaneira o número de interrupções e potencializa o desenvolvimento de uma maior taxa de produção de ações efetivas, o que justifica o fato do sistema aeróbio ser mais solicitado durante a luta de Kumite atualmente (SANTOS, 2008).
3.8.16 PERSONALIDADE DE PRATICANTES DE KARATÊ
Para Vianna (2009) a pratica do Karatê pode possibilitar o desenvolvimento da capacidade de persistência, da paciência, da coragem e do equilíbrio emocional, oportunizado a auto confiança, o auto controle, a auto realização e a recuperação, o treinamento de Karatê pode formar uma personalidade firme e equilibrada.
Testa (2007) acrescenta que o treinamento do Karatê ensina o karateca a ter autocontrole, esta idéia pode estar relacionada à possibilidade de eliminar o oponente, mas, também, de poder controlar os golpes de maneira que, nos treinos, se o karateca assim desejar, não haja contato físico.
Alguns lemas passaram ser citados religiosamente nos dojos ao final do treinamento da modalidade, que são as seguintes frases: Esforçar-se para a formação do caráter; Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão; Criar o intuito de esforço; Respeitar acima de tudo; Conter o espírito de agressão (TESTA, 2007).
No entanto algumas pesquisas como a de McGowan et al., (1990 apud VIANNA, 1996) compararam os níveis de agressividade de atletas de melhor performance com os de performance inferior, em um campeonato de Karatê, foi observado que os de melhor performance apresentavam níveis superiores aos demais, os resultados indicam relação positiva entre os vencedores e os índices mais elevados de rancor do que os índices dos não vencedores.
Torna-se importante analisar o karatê, sob a ótica do histórico, as divisões, competições, entre outros, em função de ser uma atividade muito prática no mundo e ao mesmo tempo necessitar de alternativas para a aprendizagem e de aprimorar processos de detecção e desenvolvimento.
4. METODOLOGIA
4.1 TIPO DE PESQUISA
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa analítica, que de acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2007) envolve o estudo e a avaliação profunda da informação disponível, em uma tentativa de explicar fenômenos complexos. Entre os diferentes tipos de pesquisas analíticas encontra-se a revisão que é uma avaliação critica de pesquisas recentes sobre um tópico em particular. Uma revisão envolve análise, avaliação e integração da literatura publicada, levando freqüentemente a importantes conclusões em relação às descobertas da pesquisa até aquele momento.
Thomas, Nelson & Silverman (2007) descrevem a importância do reconhecimento de alguns outros meios pelos quais a humanidade adquire conhecimento. Deste modo nesta pesquisa foram utilizados para a análise dos dados alguns métodos não científicos. Um dos métodos presente nesta pesquisa é dedutivo de base racionalista, onde para alcançar o conhecimento utiliza-se o raciocínio. Mas neste método uma conclusão só é confiável quando as suposições preliminares são verdadeiras. O segundo método utilizado neste estudo é o indutivo que de acordo com Santos (2009) partir do particular, por meio da observação criteriosa dos fenômenos concretos e das relações existentes entre eles, para se chegar à generalização. O último método incluído neste estudo é denominado como Intuição, Thomas, Nelson & Silverman (2007) explicam que o conhecimento intuitivo é considerado em muitos momentos como bom senso ou auto-evidência.
4.2 ÁREA DE ABRANGÊNCIA
Esta pesquisa visa trazer subsídios e servir de material de apoio para futuras pesquisas e projetos nas seguintes áreas: Educação Física, Iniciação esportiva, Treinamento esportivo, Lutas mais especificamente a modalidade Karatê. Este estudo procura fornecer aos profissionais mais um instrumento de reflexão e um material para auxiliar no desenvolvimento de um programa de Seleção de Talentos.
4. 3 PROCEDIMENTOS
Neste estudo procuraram-se livros e artigos relacionados ao programa de seleção de Talentos para a modalidade Karatê, após eles foram registrados e arquivados por ordem de assunto utilizado durante o estudo, no total foram utilizados 12 livros, 28 artigos, 3 monografias, 3 teses, 7 documentos de federações e confederações e uma palestra. Após consultar esses livros e artigos as informações foram analisadas, e os dados relevantes à pesquisa foram incluídos ao estudo. Com todas as informações obtidas foi possível elaborar um programa de Seleção de Talentos para a modalidade Karatê, levando em conta as características da criança durante cada etapa e a especificidade desta modalidade.
4. 4 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados obtidos durante a revisão de literatura foram interpretados utilizando a abordagem dedutiva com base racionalista, onde os conceitos e características sobre a seleção de talentos e a modalidade Karatê foram relacionados para a construção da proposta de um programa para esta modalidade. Em alguns momentos a literatura disponível relacionada ao Karatê não foi suficiente para desenvolver este programa, em virtude disso, os métodos indutivo e intuitivo foram utilizados para associar essas características com a experiência da autora nessa área.
4. 5 FORMA DE DIVULGAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa será apresentada sob a forma de monografia para uma banca julgadora composta por docentes da Faculdade Dom Bosco, como requisito parcial para conclusão de curso. A publicação poderá ser realizada em forma de artigo cientifico, nas áreas de treinamento desportivo e lutas, se obtiver indicação.
5. UMA PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE TALENTOS PARA O KARATÊ
A formação de atletas talentosos esta relacionado a inúmeros fatores, dentre eles o planejamento pode ser considerado como um aspecto indispensável neste processo. Com isso, após analisar os principais aspectos envolvidos no desenvolvimento de atletas talentosos e as características da modalidade Karatê, foi possível planejar um programa de seleção de talento destinado a esta modalidade de luta.
No Karatê o combate esportivo é denominado Shiai-Kumite, considerado altamente complexo, determinando o destaque de lutadores que estejam preparados em todos os aspectos do treinamento. Em relação aos estudos da competição esportiva de Karatê, ainda são escassas as pesquisas que definem o atleta e até mesmo o combate de forma pontual.
Neste estudo será apresentada uma proposta de programa de seleção de talentos para a modalidade Karatê, que utilizou como referência o modelo desenvolvido por Ikenaga (2008) para a seleção de atletas talentosos para o basquetebol.
Nesta proposta são sugeridas as etapas necessárias para o desenvolvimento de um atleta talentoso. Para o sucesso dessas etapas é de fundamental importância incluir a faixa etária da criança, a duração das fases e das sessões, a freqüência semanal ideal, os testes utilizados, apontar os requisitos necessários para iniciar no programa e nas futuras etapas, os critérios de promoção para a próxima etapa e os conteúdos adequados no aspecto físico, técnico, tático e cognitivo.
Para desenvolver este processo de seleção de talentos foi necessário utilizar como base um perfil de atleta talentoso a essa modalidade, sendo o objetivo final deste programa. No que diz respeito ao perfil de atleta talentoso adequado para o Karatê, é importante que ele atenda as solicitações do esporte de rendimento, como os fatores técnicos, físicos, motores, táticos, estratégicos e psicológicos onde a necessidade de fortes traços para o combate (aguerrido), além de uma personalidade firme e equilibrada embasada na filosofia do Karatê-Dô.
Neste estudo houve a elaboração de um diagrama, o qual ilustra as cinco fases da seleção de talentos para o Karatê, utilizando à imagem de um Bonsai (arvore em vaso), que na cultura oriental simboliza o crescimento planejado, a dedicação, a determinação, a harmonia entre outros (SCIULLI, 1998). Características fundamentais no desenvolvimento de atletas com características acima da média. Segue abaixo o diagrama:
Fonte: Ilustração Bonsai Duprat (2009).
1° Etapa – Básica
1. Idade:
10 e 11 anos.
1. Duração (da fase e duração da atividade):
2 anos.
Duração da sessão: 50 – 60 minutos
2. Freqüência:
2 sessões semanais.
3. Testes (tabelas e protocolos):
Anamnese;
Estatura;
Peso;
IMC;
Agilidade;
Flexibilidade;
Força/ resistência abdominal;
Força MMSS;
Força MMII;
Coordenação Motora: Motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal.
4. Requisitos
Escolaridade;
Assiduidade;
Aptidão (saúde) – exame médico;
Relacionamento;
Aproveitamento técnico;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
5. Critérios de Promoção:
Aproveitamento da fase (técnico);
Assiduidade;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
6. Conteúdos;
Histórico (origens e evolução do Karatê);
Importância da saudação e o respeito ao local de treinamento;
Jogos de oposição (habilidades motoras de ataques e defesas, jogos de rapidez e atenção, conquista de objetos, conquista de território, desequilibrar e jogos para combater);
Reconhecimento da área de competição (tatame) e linha de jogai (sair da área de competição), regras simples, entenderem os comandos mais simples do árbitro na língua japonesa e equipamentos de proteção;
Iniciação ao Kihon (fundamentos) movimentos únicos e duplos;
Conhecimento dos tipos de pontuações: Ippon (um), Nihon (dois) e Sanbon (três);
Conhecimento das diferentes áreas de pontuação e os níveis Jodan (alto), Chudan (médio) e Gedan (baixo), e qual a importância dessas áreas e níveis nesta categoria de idade;
Conhecimento e aplicação do Maai (distância) longa, média e curta;
Técnicas de ataques básicos de membros superiores:
- Gyako zuki chudan;
- Kisame zuki jodan;
- Ura-ken-uchi jodan.
Técnicas de ataques básicos de membros inferiores:
- Mae geri chudan;
- Mawashi geri chudan:
- Mawashi geri jodan;
- Yoko geri chudan.
Técnicas de defesas básicas (defesa baixa, média e alta);
Iniciação a movimentação;
Movimentações simples e aplicações de técnicas;
Atividades de percepção temporal/espacial na aplicação de golpe;
Defesas e contra ataque simples;
Iniciação a esquivas (Tai sabaki);
Desenvolver atividades relacionadas: Flexibilidade, equilíbrio e agilidade.
2° Etapa – Específica
1. Idade:
12 e 13 anos.
2. Duração (da fase e duração da atividade):
2 anos.
Duração da sessão: 70 - 80 minutos.
3. Freqüência:
3 sessões semanais.
4. Testes (tabelas e protocolos):
Anamnese;
Estatura;
Peso;
IMC;
Agilidade;
Flexibilidade;
Força/ resistência abdominal;
Força MMSS;
Força MMII;
Coordenação Motora: Motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal.
5. Requisitos
Escolaridade;
Assiduidade;
Aptidão (saúde) – exame médico;
Relacionamento;
Aproveitamento técnico;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
6. Critérios de Promoção
Aproveitamento da fase anterior (técnico e cognitivo);
Assiduidade;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
7. Conteúdos;
Jogos de oposição (habilidades motoras de ataques e defesas, jogos de rapidez e atenção, conquista de objetos, conquista de território, desequilibrar e jogos para combater);
Kihon (fundamentos) movimentos duplos e triplos;
Sanbon Kumite (três ataques e um contra ataque), como componente básico na luta de karatê;
Conhecimento e aplicação de todos os critérios de pontuação.
Regras – comportamentos proibidos e tipos de penalizações;
Aplicação dos golpes em áreas permitidas para a categoria de idade, Chudan e Jodan (10 centímetros);
Maai (distância) aplicação da distância mais apropriada para cada indivíduo, auxiliando no processo de controle do golpe;
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores:
- Gyako zuki chudan;
- Kisame zuki jodan;
- Ura-ken-uchi jodan;
- Gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores combinados:
- Kisame zuki jodan e gyako zuki chudan;
- Gyako e gyako jodan;
- Kisame zuki jodan e gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores:
- Mae geri chudan;
- Mawashi geri chudan;
- Mawashi geri jodan;
- Yoko gueri chudan;
- Kisame mawashi geri chudan;
- Kisame mawashi jodan;
- Ura mawashi jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores combinados:
- Mae geri chudan e mawashi geri jodan com a mesma perna;
- Mawashi geri chudan e ura mawashi geri jodan com a mesma perna.
Técnicas de defesa (baixa, média e alta);
Conhecimento teórico de táticas básicas, destacando a sua importância e aplicação;
Tática Deai simples (antecipação);
Tática ofensiva Se-no-sen simples (buscar o ataque);
Tática defensiva/ofensiva Go-no-sen simples (contra-ataque);
Tática defensiva;
Prática de finta simples (mudança brusca durante a movimentação)
Prática de vários tipos de esquivas (Tai sabaki)
Movimentações mais diversificadas, como deslocamentos para várias direções;
Lutas, durante essas lutas direcionar alguns objetivos como técnicas de ataque, defesa e estratégias já assimilados durante as sessões de treinamento.
Desenvolver atividades relacionadas: Flexibilidade, equilíbrio e agilidade.
Iniciar trabalho de força.
3° Etapa – Da transferência
1. Idade:
14 e 15 anos.
2. Duração (da fase e duração da atividade):
2 anos.
Duração da sessão: 90 - 120 minutos.
3. Freqüência:
3 sessões semanais.
4. Testes (tabelas e protocolos):
Anamnese;
Estatura;
Peso;
IMC;
Envergadura;
Agilidade;
Flexibilidade;
Coordenação Motora;
Força/ resistência abdominal;
Força MMSS;
Força MMII;
Potência MMSS;
Potência MMII;
Velocidade;
Resistência aeróbia.
5. Requisitos
Escolaridade;
Assiduidade;
Aptidão (saúde) – exame médico;
Relacionamento;
Aproveitamento técnico;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
6. Critérios de Promoção
Aproveitamento técnico/tático/físico/cognitivo da fase anterior;
Assiduidade;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
7. Conteúdos;
Jogos de oposição (habilidades motoras de ataques e defesas, jogos de rapidez e atenção, conquista de objetos, conquista de território, desequilibrar e jogos para combater);
Kihon (fundamentos) movimentos triplos (cadência tripla) e seqüências pré-determinadas incluindo movimentos de defesas, socos e chutes;
Ippon Kumite (luta de um ataque e um contra ataque);
Regras – utilização do tempo durante a luta;
Aplicação dos golpes em áreas permitidas para a categoria de idade, Chudan e Jodan (10 centímetros);
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores:
- Gyako zuki chudan;
- Kisame zuki jodan;
- Ura-ken-uchi jodan;
- Gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores combinados:
- Kisame zuki jodan e gyako zuki chudan;
- Gyako e gyako jodan;
- Kisame zuki jodan e gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores:
- Mae gueri chudan;
- Mawashi gueri chudan;
- Mawashi gueri jodan;
- Yoko gueri chudan;
- Kisame mawashi gueri chudan;
- Kisame mawashi jodan;
- Ura mawashi jodan;
- Kisame ura mawashi jodan;
- Ushiro gueri chudan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores combinados:
- Mae gueri chudan e mawashi gueri jodan com a mesma perna;
- Mawashi gueri chudan e ura mawashi gueri jodan com a mesma perna.
Técnicas de ataque combinações de membros inferiores e membros superiores, exemplo:
- Kisame tsuki, gyaku tsuki e mawashi gueri Jodan;
- Gyako e gyako jodan e kisame mawashi jodan.
Atividades de quedas (ukemis) laterais, costas, antebraço e frontal;
Iniciação de varreduras (de ashibarai) e projeções (osoto-gari);
Técnicas de defesa e contra ataque, utilizando seqüências de golpes;
Utilização na prática do Maai (distância) contra diferentes tipos de adversários;
Tática Deai (antecipação);
Tática ofensiva Se-no-sen (buscar o ataque);
Tática defensiva/ofensiva Go-no-sen (contra-ataque);
Tática defensiva;
Prática de finta simples (mudança brusca durante a movimentação, tirar a atenção com movimentos falsos de ataque).
Aplicações de esquivas;
Esquivas e contra ataques simples;
Movimentações ofensivas;
Movimentações defensivas;
Treinamentos direcionados à comunicação entre atleta e o técnico durante o combate;
Lutas com a utilização dos recursos assimilados durante as sessões de treinamento, e lutas com auxilio da arbitragem.
Trabalhos relacionados à flexibilidade, força, velocidade, agilidade, capacidade/potência aeróbia e anaeróbia.
4° Etapa – Da lapidação
1. Idade:
16 e 17 anos.
2. Duração (da fase e duração da atividade):
2 anos.
Duração da sessão: 120 a 140 minutos.
3. Freqüência:
4 a 5 sessões semanais.
4. Testes (tabelas e protocolos):
Anamnese;
Estatura;
Peso;
IMC;
Envergadura;
Flexibilidade;
Coordenação Motora;
Força/resistência abdominal;
Força MMSS;
Força MMII;
Potência MMSS;
Potência MMII;
Agilidade;
Velocidade;
Resistência Aeróbia.
5. Requisitos
Escolaridade;
Assiduidade;
Aptidão (saúde) – exame médico;
Relacionamento;
Aproveitamento técnico/ tático/ físico/ da fase anterior;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
6. Critérios de Promoção
Aproveitamento da técnico/tático/físico/cognitivo da fase anterior;
Assiduidade;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
7. Conteúdos;
Jogos de oposição (habilidades motoras de ataques e defesas, jogos de rapidez e atenção, conquista de objetos, conquista de território, desequilibrar e jogos para combater);
Kihon (fundamentos) com técnicas mais apuradas;
Jiu ippon Kumite (combate semi-livre);
Regras – interpretação linguagem da arbitragem e entender os procedimentos dos árbitros; regras relacionadas ao clinch.
Aplicação dos golpes em áreas permitidas para a categoria de idade, Chudan e Jodan (5 centímetros);
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores:
- Gyako zuki chudan;
- Kisame zuki jodan;
- Ura-ken-uchi jodan;
- Gyako zuki jodan;
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores combinados:
- Kisame zuki jodan e gyako zuki chudan;
- Gyako e gyako jodan;
- Kisame zuki jodan e gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores:
- Mae gueri chudan;
- Mawashi gueri chudan;
- Mawashi gueri jodan;
- Yoko gueri chudan;
- Kisame mawashi gueri chudan;
- Kisame mawashi jodan;
- Ura mawashi jodan;
- Kisame ura mawashi jodan;
- Ushiro gueri chudan;
- Ushiro ura mawashi.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores combinados:
- Mae gueri chudan e mawashi gueri jodan com a mesma perna;
- Mawashi gueri chudan e ura mawashi gueri jodan com a mesma perna.
Técnicas de ataque com combinações de membros inferiores e membros superiores, exemplo:
- Kisame tsuki, gyaku tsuki e mawashi gueri jodan;
- Gyako e gyako jodan e kisame mawashi jodan.
Aplicação de técnicas de varreduras (de ashibarai) e projeções (osoto-gari);
Técnicas de defesa e contra ataques de seqüências diversas;
Utilização na prática do Maai (distância) contra diferentes tipos de adversários;
Tática Deai (antecipação) e Deai ativo;
Tática ofensiva Se-no-sen (buscar o ataque) em diversas situações de luta;
Tática defensiva/ofensiva Go-no-sen (contra-ataque) em diversas situações de luta;
Tática defensiva;
Teoria e aplicação de táticas para diferentes categorias de peso e diferentes estilos de lutadores;
Fintas, aplicadas em diferentes situações de luta (mudanças bruscas durante a movimentação, toque na mão da frente do adversário e a utilização de De ashibarai);
Aplicação de todos os tipos de esquivas (Tai sabaki) e pêndulos (utilização da parte superior do corpo);
Esquivas e contra ataques de seqüências de golpes;
Movimentações ofensivas;
Movimentação defensiva;
Treinamento de situações na luta como, por exemplo: Sai-shiai (prorrogação), ato-shibaraku (dez segundos finais), como agir em caso de estar em vantagem ou desvantagem na pontuação;
Iniciação ao clinch (curto tempo em que os atletas apóiam-se um ao outro com a região do tórax);
Lutas individuais e lutas em equipe, aplicando os recursos assimilados durante as sessões;
Trabalhos relacionados à flexibilidade, força, velocidade, agilidade, capacidade/potência aeróbia e anaeróbia.
5° Etapa – Transição
1. Idade:
A partir de 18 anos.
2. Duração da atividade:
Duração da sessão: 150 a 180 minutos.
3. Freqüência:
5 a 6 sessões semanais, em até dois períodos.
4. Testes (tabelas e protocolos):
Anamnese;
Estatura;
Peso;
IMC;
Envergadura;
Flexibilidade;
Coordenação Motora;
Força/resistência abdominal;
Força MMSS;
Força MMII;
Potência MMSS;
Potência MMII;
Agilidade;
Velocidade;
Resistência Aeróbia.
5. Requisitos
Escolaridade;
Assiduidade;
Aptidão (saúde) – exame médico;
Relacionamento;
Aproveitamento técnico/ tático/ físico/ da fase anterior;
Aproveitamento escolar;
Indicadores (atingir).
6. Conteúdos;
Kihon (fundamentos) com correta execução e técnicas apuradas;
Jiu Kumite (combate livre);
Total controle das técnicas aplicadas;
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores:
- Gyako zuki chudan;
- Kisame zuki jodan;
- Ura-ken-uchi jodan;
- Gyako zuki jodan;
Técnicas de ataque com golpes de membros superiores combinados:
- Kisame zuki jodan e gyako zuki chudan;
- Gyako e gyako jodan; kisame zuki jodan e gyako zuki jodan.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores:
- Mae gueri chudan;
- Mawashi gueri chudan;
- Mawashi gueri jodan;
- Yoko gueri chudan;
- Kisame mawashi gueri chudan;
- Kisame mawashi jodan;
- Ura mawashi jodan;
- Kisame ura mawashi jodan;
- Ushiro gueri chudan;
- Ushiro ura mawashi.
Técnicas de ataque com golpes de membros inferiores combinados:
- Mae gueri chudan e mawashi gueri jodan com a mesma perna;
- Mawashi gueri chudan e ura mawashi gueri jodan com a mesma perna.
Técnicas de ataque combinações de membros inferiores e membros superiores como, por exemplo:
- Kisame tsuki, gyaku tsuki e mawashi gueri jodan;
- Gyako e gyako jodan e kisame mawashi jodan.
Realização de todos os tipos de esquivas (de ashibarai) pêndulos (utilização da parte superior do corpo);
Técnicas de defesa e contra ataques de seqüências diversas;
Utilização na prática do Maai contra diferentes tipos de adversários;
Tática Deai (antecipação) e Deai ativo;
Tática ofensiva Se-no-sen (buscar o ataque) em diversas situações de luta;
Tática defensiva/ ofensiva Go-no-sen (contra-ataque) em diversas situações de luta;
Tática defensiva;
Teoria e aplicação de táticas para diferentes categorias de peso e diferentes estilos de lutadores;
Fintas, aplicadas em diferentes situações de luta (mudanças bruscas durante a movimentação, toque na mão da frente do adversário, utilização de De ashibarai);
Atacar na finta do adversário;
Realização de todas as esquivas;
Realização de esquivas e contra ataques;
Movimentações ofensivas;
Movimentações defensivas;
Treinamento de situações na luta como, por exemplo: Sai-shiai (prorrogação), Ato-shibaraku (dez segundos finais), como agir em caso de estar em vantagem ou desvantagem na pontuação, como agir em situação de excesso de contato do seu adversário;
Utilização de golpes a partir do clinch (curto tempo em que os atletas apóiam-se um ao outro com a região do tórax);
Importância da utilização dos setores da área de competição mais favoráveis a cada situação da luta (centro, laterais e cantos);
Lutas individuais e lutas em equipe, aplicando os recursos assimilados durante as sessões;
Trabalhos relacionados à flexibilidade, força, velocidade, agilidade, capacidade/potência aeróbia e anaeróbia.
6. ANALISE E DISCUSSÃO DA PROPOSTA DO PROGRAMA DE SELEÇÃO DE TALENTOS PARA O KARATÊ
Após descrever a proposta do programa, é importante algumas considerações sobre o modelo apresentado. Este programa é composto por cinco etapas relacionadas às idades dos praticantes.
A idade inicial recomendada, ou seja, para que as crianças iniciem as atividades no programa de seleção aos 10 anos, está relacionada ao regulamento da CBK (2010), o qual permite a participação de crianças no Shiai-Kumite com idades anteriores aos 10 anos.
A duração e as divisões das cinco etapas correspondem às categorias por idades utilizadas no regulamento nacional e internacional de Karatê, já citados neste estudo, categorias que apresentam algumas diferenças em relação às regras de competições como: tamanho da área de competição, áreas permitidas de pontuação, aspectos técnicos, como por exemplo, a distância de aplicação de um golpe, para crianças, a mesma deve guardar uma margem de segurança no ato de execução, não chegando (permitindo) a estabelecer o contato pessoa, e também a obrigação de utilização de equipamentos de proteção.
Em relação às sessões no que diz respeito à duração e freqüência semanal de treinamento, as mesmas adotaram o modelo de treinamento a longo prazo para jovens atletas recomendados por Bompa (2002), já citado neste estudo, o qual indica durações e freqüências semanais adequadas e progressivas de acordo com a idade do praticante, ou seja, quanto menor a faixa etária, menor também será a duração e freqüência da atividade.
Os testes citados em cada etapa foram os indicadores do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR), os quais possuem protocolos (Anexo I) de realização, tabelas e quadros de resultados (Anexo II) como referência para crianças e jovens brasileiros, vale destacar também, que é oferecida uma anamnese sócio-econômica (Anexo III), a qual, possibilita ao professor/técnico, conhecer a realidade dos iniciantes. Este projeto (PROES-BR) foi sugerido como ferramenta de avaliação em virtude do Karatê não possuir testes específicos, assim os testes sugeridos são opções de instrumentos válidos, fidedignos, de fácil aplicação e de baixo custo, os quais são compatíveis com a realidade brasileira.
Como critério de participação e condição para promoção para a etapa seguinte em cada etapa considerou-se alguns requisitos como: estar matriculada na escola; presença nas sessões de treinamento (assiduidade), faltas consideradas somente em casos de problemas de saúde; declaração médica; bom relacionamento com as pessoas envolvidas no programa; rendimento escolar; e também deve o atleta atingir os indicadores mínimos estabelecidos no que diz respeito aos aspectos físicos, técnicos, táticos e cognitivos.
A utilização da metodologia de um programa de seleção de talentos oferece uma alternativa segura para a condução de crianças e jovens iniciantes em todas as etapas do processo de construção de atletas para o esporte de rendimento. Em função de ser elaborada de forma crescente, cumulativa e com o estabelecimento de indicadores que servirão de referência para condução do processo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou as informações disponíveis na literatura em relação à seleção de talentos e as características da modalidade Karatê, com o objetivo de estabelecer um programa de seleção de talentos a esta modalidade. Assim, relacionando essas informações foi possível construir um programa de seleção de talentos para ser utilizado como uma metodologia e formação de atletas para a modalidade Karatê. Foi também sugerido um perfil de atleta no rendimento esportivo adequado a esta modalidade.
Esta proposta foi composta por cinco etapas correspondentes as categorias por idades desta modalidade, as etapas sugeridas são denominadas: básica (10 e 11 anos), especifica (12 e 13 anos), da transferência (14 e 15 anos), da lapidação (16 e 17 anos) e transição (a partir dos 18 anos).
Em cada etapa foi correlacionada a idade desenvolvimentista e as características da modalidade. Para o ingresso da criança no programa e a sua promoção a uma próxima etapa foram apontados alguns requisitos como: a escolaridade; aproveitamento escolar; assiduidade; aptidão relacionada à saúde (exame médico); um bom relacionamento com as pessoas; o aproveitamento da fase anterior nos aspectos técnico, tático, físico e cognitivo e atingir indicadores. Foram estabelecidas as freqüências semanais e as durações das sessões adequadas e progressivas, pois quanto menor a faixa etária, menor também será a duração e freqüência da atividade.
Foram sugeridos testes de mensuração da estatura, peso, IMC, força, velocidade entre outros, que constituem em uma ferramenta importante no acompanhamento e quantificação da evolução do desempenho do atleta. Além de uma anmenese sócio-econômica que pode auxiliar o professor/ técnico no conhecimento da realidade dos iniciantes no programa. Também foram definidos os conteúdos relacionados a cada etapa nos aspectos físicos, técnicos, táticos e cognitivos. Com base nas características especificas da modalidade esses conteúdos seguem uma progressão do simples, como jogos de oposição, técnicas de movimentos únicos e iniciação a movimentação até as atividades mais complexas como as combinações de ataques e diversas táticas.
Para a elaboração desta proposta houve dificuldades em relação ao levantamento de informações na literatura disponível sobre a competição esportiva de Karatê, pois ainda são poucos os estudos abrangentes e pontuais em relação a esta modalidade. Como sugestão, aconselho novas pesquisas relacionadas às definições das características da luta e dos atletas de Karatê no rendimento esportivo. Assim aconselho que este estudo seja utilizado como uma referencia na aplicação prática e um acompanhado longitudinalmente, de iniciantes nesta luta.
Por fim, acredita-se que qualquer forma de organização e de planejamento possa contribuir como uma alternativa metodológica para o desenvolvimento do Karatê esportivo. Aconselha-se a aplicação desta metodologia, sob a perspectiva de acompanhamento da autora, por parte de outros instrutores para verificação da eficácia da mesma. Este programa sugere conteúdos planejados e adequados às necessidades desta modalidade, sendo assim, tem grande chance de ser aplicado com sucesso, desde que se respeite à ordem das etapas e suas particularidades.
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ANEXO I
Testes Projeto esporte Brasil (PROESP-BR), protocolos:
Medida da estatura
Material: Estadiômetro ou trena métrica com precisão até 2mm.
Orientação: Na utilização de trenas métricas aconselha-se a fixá-la na parede a 1metro do solo e estendê-la de baixo para cima. Neste caso o avaliador não poderá esquecer de acrescentar 1 metro (distância do solo a trena) ao resultado medido na trena métrica.Para a leitura da estatura deve ser utilizado um dispositivo em forma de esquadro (figura abaixo). Deste modo um dos lados do esquadro é fixado à parede e o lado perpendicular junto à cabeça do estudante. Este procedimento elimina erros decorrentes da possível inclinação de instrumentos tais como réguas ou pranchetas quando livremente apoiados apenas sobre a cabeça do estudante. Anotação: A medida da estatura é anotada em centímetros com uma casa decimal.
Medida do Índice de Massa Corporal (IMC)
Orientação: É determinado através do cálculo da razão entre a medida de massa corporal em quilogramas pela estatura em metros elevada ao quadrado.
IMC= Massa (Kg)/ estatura (m)2
Anotação: A medida é anotada com uma casa decimal.
Medida da envergadura
Material: Trena métrica com precisão de 2mm.
Orientação: Sobre uma parede lisa, de preferência sem rodapé, fixa-se a trena métrica paralelamente ao solo a uma altura de 1,20 metros para os alunos menores e 1,50 m para os alunos maiores. O aluno posiciona-se em pé, de frente para a parede, com os braços em abdução em 90 graus em relação ao tronco. Os cotovelos devem estar estendidos e os antebraços supinados. O aluno deverá posicionar a extremidade do dedo médio esquerdo no ponto zero da trena, sendo medida a distância até a extremidade do dedo médio direito.
Anotação: A medida é registrada em centímetros com uma casa decimal.
Teste de Flexibilidade (Sentar-e-alcançar)
Material: Utilize um banco com as seguintes características:
a) um cubo construído com peças de 30 x 30 cm;
b) uma peça tipo régua de 53 cm de comprimento por 15 cm de largura;
c) escreva na régua uma graduação ou cole sobre ela uma trena métrica entre 0 a 53 cm;
d) coloque a régua no topo do cubo na região central fazendo com que a marca de 23 cm fique exatamente em linha com a face do cubo onde os alunos apoiarão os pés.
Material alternativo 1
a) Consiga um banco de 30 cm de largura;
b) Vire o banco lateralmente (deite-o de lado);
c) Fixe uma régua de pelo menos 40 cm ao banco de modo que a merca de 23 cm coincida coma linha vertical onde os alunos apoiarão os pés.
Material alternativo 2
a) Consiga uma caixa de papelão com 30 cm de altura;
b) Vire a caixa com o fundo para cima (a parte aberta da caixa voltada para baixo);
c) No fundo da caixa (parte superior) fixe uma régua de pelo menos 40 cm de modo que a marca dos 23 cm coincida com a linha vertical onde os alunos apoiarão os pés.
Orientação: Os alunos devem estar descalços. Sentam-se de frente para a base da caixa, com as pernas estendidas e unidas. Colocam uma das mãos sobre a outra e elevam os braços à vertical. Inclinam o corpo para frente e alcançam com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistências). Cada aluno realizará duas tentativas. O avaliador permanece ao lado do aluno, mantendo-lhe os joelhos em extensão.
Anotação: O resultado é medido a partir da posição mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos dedos. Registra-se o melhor resultado entre as duas execuções com anotação em uma casa decimal.
Teste de força-resistência (abdominal)
Material: colchonetes de ginástica e cronômetro.
Orientação: O aluno posiciona-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador fixa os pés do estudante ao solo. Ao sinal o aluno inicia os movimentos de flexão do tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial (não é necessário tocar com a cabeça no colchonete a cada execução). O avaliador realiza a contagem em voz alta. O aluno deverá realizar o maior número de repetições completas em 1 minuto.
Anotação: O resultado é expresso pelo número de movimentos completos realizados em 1 minuto.
Teste força explosiva de membros inferiores (salto horizontal)
Material: Uma trena e uma linha traçada no solo.
Orientação: A trena é fixada ao solo, perpendicularmente à linha, ficando o ponto zero sobre a mesma. O aluno coloca-se imediatamente atrás da linha, com os pés paralelos, ligeiramente afastados, joelhos semi-flexionados, tronco ligeiramente projetado à frente. Ao sinal o aluno deverá saltar a maior distância possível. Serão realizadas duas tentativas, registrando-se o melhor resultado.
Anotação: A distância do salto será registrada em centímetros, com uma decimal, a partir da linha traçada no solo até o calcanhar mais próximo desta.
Teste de força explosiva de membros superiores (arremesso do medicineball)
Material: Uma trena e um medicineball de 2 kg (ou saco de areia com 2 kg)
Orientação: A trena é fixada no solo perpendicularmente à parede. O ponto zero da trena é fixado junto à parede. O aluno senta-se com os joelhos estendidos, as pernas unidas e as costas completamente apoiadas à parede. Segura a medicineball junto ao peito com os cotovelos flexionados. Ao sinal do avaliador o aluno deverá lançar a bola a maior distância possível, mantendo as costas apoiadas na parede. A distância do arremesso será registrada a partir da ponto zero até o local em que a bola tocou ao solo pela primeira vez. Serão realizados dois arremessos, registrando-se o melhor resultado. Sugere-se que a medicineball seja banhada em pó branco para a identificação precisa do local onde tocou pela primeira vez ao solo.
Anotação: A medida será registrada em centímetros com uma casa decimal.
Teste de agilidade (teste do quadrado)
Material: um cronômetro, um quadrado desenhado em solo antiderrapante com 4m de lado, 4 cones de 50 cm de altura ou 4 garrafas de refrigerante de 2 l do tipo PET.
Orientação: O aluno parte da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, deverá deslocar-se até o próximo cone em direção diagonal. Na seqüência, corre em direção ao cone à sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal (atravessa o quadrado em diagonal). Finalmente, corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. O aluno deverá tocar com uma das mãos cada um dos cones que demarcam o percurso. O cronômetro deverá ser acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizar o primeiro passo tocando com o pé o interior do quadrado. Serão realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução.
Anotação: A medida será registrada em segundos e centésimos de segundo (duas casas após a vírgula).
Teste de velocidade de deslocamento (corrida de 20 metros)
Material: Um cronômetro e uma pista de 20 metros demarcada com três linhas paralelas no solo da seguinte forma: a primeira (linha de partida); a segunda, distante 20m da primeira (linha de cronometragem) e a terceira linha, marcada a um metro da segunda (linha de chegada). A terceira linha serve como referência de chegada para o aluno na tentativa de evitar que ele inicie a desaceleração antes de cruzar a linha de cronometragem. Dois cones para a sinalização da primeira e terceira linhas.
Orientação: O estudante parte da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da primeira linha e será informado que deverá cruzar a terceira linha o mais rápido possível. Ao sinal do avaliador, o aluno deverá deslocar-se, o mais rápido possível, em direção à linha de chegada. O cronometrista deverá acionar o cronômetro no momento em que o avaliado der o primeiro passo (tocar ao solo), ultrapassando a linha de partida. Quando o aluno cruzar a segunda linha (dos 20 metros), será interrompido o cronômetro.
Anotação: O cronometrista registrará o tempo do percurso em segundos e centésimos de segundos (duas casas após a vírgula).
Teste de força e resistência de membros superiores (flexão de braços em suspensão modificada)
Material: Um barbante (ou material similar) e uma armação de madeira com suporte regulável para
barra. Tal suporte apresenta as seguintes dimensões: 120 x 50 cm na base; caibros de 12 x 8 cm acoplados à base, servindo de suporte para a barra de, aproximadamente, 3,8 cm de diâmetro e 150 cm de comprimento. Os caibros que servem de suporte para a barra apresentam uma altura de 140 cm, com orifícios a cada 5 cm, para que a altura da barra possa ser ajustada conforme o comprimento dos braços do avaliado. Uma tábua suspensa de 12 cm de largura por 1,5 cm de espessura é fixada acima dos caibros de suporte, para evitar que a armação possa se movimentar.
Orientação: A barra deve ser colocada a uma altura de três centímetros, aproximadamente, da ponta dos dedos do aluno em posição de decúbito dorsal e com os braços totalmente estendidos para cima. A dois espaços abaixo da barra deve ser estendida o barbante. Na posição inicial, o aluno deverá estar agarrado na barra com empunhadura pronada (palmas das mãos dirigidas para frente), com o corpo ereto, apoiando apenas os calcanhares no solo. O aluno deverá elevar-se até que o pescoço toque o barbante e, em seguida, retornar à posição inicial, completando uma repetição. O movimento deverá ser repetido tantas vezes quanto possível, de forma cadenciada e contínua, sem ocorrer paralizações e com a utilização apenas da flexão de braços. Tronco e pernas devem manter-se alinhados Não é permitido que o aluno realize movimentos de quadris e pernas ou tentativa de extensão da coluna vertebral.
Anotação: Será registrado o número máximo de repetições, sem limite de tempo.
Teste de Resistência Geral (9 minutos)
Material: Local plano com marcação do perímetro da pista. Cronômetro e ficha de registro. Material numerado para fixar às costas dos alunos identificando-os claramente para que o avaliador possa realizar o controle do número de voltas.
Trena métrica.
Orientação: Divide-se os alunos em grupos adequados às dimensões da pista. Observa-se a numeração dos alunos na organização dos grupos, facilitando assim o registro dos anotadores. Tratando-se de estudantes com cabelos longos, observa-se o comprimento dos cabelos para assegurar que o número às costas fique visível. Informa-se aos alunos sobre a execução correta do testes dando ênfase ao fato de que devem correr o maior tempo possível, evitando piques de velocidade intercalados por longas caminhadas. Informa-se que os alunos não deverão parar ao longo do trajeto e que trata-se de um teste de corrida, embora possam caminhar eventualmente quando sentirem-se cansados. Durante o teste, informa-se ao aluno a passagem do tempo aos 3, 6 e 8 minutos (“Atenção: falta 1 minuto!”). Ao final do teste soará um sinal (apito) sendo que os alunos deverão interromper a corrida, permanecendo no lugar onde estavam (no momento do apito) até ser anotado ou sinalizado a distância percorrida. Todos os dados serão anotados em fichas próprias devendo estar identificado cada aluno de forma inequívoca. Sugere-se que o avaliador calcule previamente o perímetro da pista e durante o teste anote apenas o número de voltas de cada aluno. Desta forma, após multiplicar o perímetro da pista pelo número de voltas de cada aluno deverá complementar com a adição da distância percorrida entre a última volta completada e o ponto de localização do aluno após a finalização do teste.
Anotação: Os resultados serão anotados em metros com aproximação às dezenas.
Teste de Resistência Geral (Vai-e-vem)
Material: Uma superfície livre antiderrapante. Ginásio ou quadra polivalente com pelo menos 22 metros de comprimento. Leitor de CD com volume adequado e CD com a marcação do ritmo ou cadência. Cones de marcação do percurso e ficha para anotação.
Orientação: Marcar um percurso de 20 metros com cones e linhas demarcatórias do trajeto.Planejar um espaço de forma que cada aluno tenha um espaço de 100-150 cm de largura para correr. Ajustar o leitor de CD utilizando o teste de 1 minuto existente no próprio CD; se o intervalo de tempo de um minuto possuir um erro igual ou superior a meio segundo, o CD deve ser substituído. Para o início do teste, os avaliados devem estar posicionados, um ao lado do outro, atrás da linha inicial, e devem Ter verificado que seus tênis estão devidamente amarrados. Os alunos devem correr os 20 metros de distância e tocar a linha com o pé quando tocar o sinal sonoro(bip). Ao som do bip, eles devem inverter o sentido da corrida e correr até a outra extremidade. Se alguns alunos chegarem à linha antes do bip, eles devem esperar pelo mesmo antes de correr para a outra direção. Os alunos repetem esse procedimento até que não alcancem a linha antes bip por duas vezes (não necessariamente consecutivas). Se um aluno não conseguir alcançar a linha ao sinal sonoro, deverá ser-lhe dada a oportunidade para tentar recuperar o ritmo adequado. Na segunda vez que o aluno não conseguir atingir a linha ao sinal sonoro, o seu teste é dado como terminado. Os alunos que terminarem o teste deverão caminhar durante algum tempo e, quando saírem da área de realização do mesmo, deverão observar a recomendação de não atrapalhar os colegas que estiverem ainda correndo. Antes da aplicação do teste os alunos devem executar dois ou três ensaios para uma adequada compreensão dos procedimentos a serem realizados.
Anotação: Registra-se o número total de voltas realizada pelo aluno
ANEXO II
Tabelas Normas Provisórias para Avaliação da Aptidão Física no Âmbito da Prestação Esportiva – Projeto esporte Brasil (PROESP-BR)
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 10 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m.b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1150 15 23 4 123 4.24 208 7.79
Fraco 1300 20 29 7 133 4.03 220 7.51
Razoável 1400 24 33 9 143 3.84 250 7.10
Bom 1550 28 38 12 152 3.69 275 6.78
Muito Bom 1650 30 40 15 160 3.47 312 6.42
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 10 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1000 16 18 2 107 4.56 179 8.27
Fraco 1100 21 23 3 122 4.31 200 8.05
Razoável 1250 24 26 4 130 4.11 225 7.43
Bom 1350 29 31 7 141 3.91 260 7.23
Muito Bom 1450 32 37 8 150 3.75 299 6.89
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 11 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1150 15 24 4 126 4.23 210 7.55
Fraco 1300 20 29 7 139 4.03 230 7.25
Razoável 1400 24 34 10 151 3.78 270 6.92
Bom 1550 28 39 12 163 3.59 302 6.57
Muito Bom 1650 31 42 17 168 3.38 320 6.30
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 11 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1000 16 18 1 114 4.65 190 8.25
Fraco 1100 21 23 3 126 4.36 210 7.79
Razoável 1250 25 27 5 135 4.09 230 7.40
Bom 1350 29 31 8 146 3.87 252 7.05
Muito Bom 1450 32 33 10 155 3.66 289 6.68
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 12 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1200 16 25 5 132 4.05 242 7.23
Fraco 1300 20 29 8 148 3.94 270 7.00
Razoável 1450 23 33 10 158 3.73 285 6.70
Bom 1600 28 38 15 169 3.55 310 6.34
Muito Bom 1650 30 43 19 176 3.30 334 6.01
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 12 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1020 14 13 1 117 4.60 210 7.79
Fraco 1120 21 20 2 127 4.27 230 7.48
Razoável 1220 24 25 6 135 4.00 255 7.02
Bom 1350 28 32 9 149 3.78 289 6.67
Muito Bom 1540 30 36 13 158 3.55 317 6.24
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 13 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1250 13 26 6 119 3.96 230 7.11
Fraco 1400 18 31 8 135 3.74 277 6.72
Razoável 1500 23 36 10 157 3.49 322 6.44
Bom 1650 28 40 15 174 3.32 361 6.19
Muito Bom 1750 32 44 20 195 3.17 400 5.94
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 13 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1040 14 16 - 93 4.42 205 7.71
Fraco 1150 20 20 2 111 4.03 240 7.31
Razoável 1250 26 26 6 126 3.75 285 7.07
Bom 1430 28 30 9 144 3.55 336 6.65
Muito Bom 1580 34 33 13 157 3.40 360 6.39
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 14 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1300 15 27 8 152 3.92 247 6.81
Fraco 1450 21 31 11 164 3.59 310 6.65
Razoável 1600 25 35 15 182 3.34 360 6.32
Bom 1700 30 42 19 198 3.19 415 6.10
Muito Bom 1800 32 48 24 207 3.04 453 5.87
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 14 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 940 19 19 - 112 4.24 223 7.64
Fraco 1120 22 23 2 121 3.93 260 7.33
Razoável 1330 26 28 6 133 3.73 280 6.99
Bom 1420 32 31 9 150 3.53 320 6.76
Muito Bom 1560 36 35 12 174 3.22 400 6.46
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 15 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1300 18 20 9 164 3.98 339 6.55
Fraco 1500 22 25 11 180 3.46 350 6.40
Razoável 1650 27 36 16 190 3.23 390 6.35
Bom 1800 34 44 23 203 3.07 430 6.00
Muito Bom 1850 36 54 28 215 2.93 499 5.65
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 15 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 970 20 14 - 98 4.76 230 8.58
Fraco 1100 23 22 2 109 4.03 260 7.60
Razoável 1330 29 28 5 125 3.62 300 6.96
Bom 1500 36 31 9 144 3.36 325 6.49
Muito Bom 1790 39 35 12 182 3.13 370 6.22
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - masculino 16 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1340 20 29 5 172 3.56 310 Os dados para a idade de 16 anos não serão disponibilizados, devido ao pequeno "n", não havendo suficiente representatividade
Fraco 1480 21 30 11 190 3.17 350
Razoável 1700 27 33 16 197 3.10 390
Bom 1770 30 38 20 210 2.98 477
Muito Bom 1800 36 40 26 262 2.69 521
Tabela de normas para aptidão física referenciada a prestação esportiva. - feminino 16 anos
Testes
Avaliação 9 min. Flexib. Abdom. Flexão m. b. Salto Horiz. 20 m. Ar. Medicine ball Teste do Quadrado
Muito Fraco 1270 12 16 - 100 4.50 230 Os dados para a idade de 16 anos não serão disponibilizados, devido ao pequeno "n", não havendo suficiente representatividade
Fraco 1280 16 21 3 108 3.91 250
Razoável 1403 30 23 6 123 3.70 297
Bom 1560 33 30 8 148 3.43 320
Muito Bom 1700 41 32 12 159 3.38 386
ANEXO III
Anmenese – Projeto esporte Brasil (PROESP-BR)
Questionário de Hábitos de Vida
O instrumento apresentado a seguir foi adaptado por Torres (1995) e tem por objetivo identificar os principais hábitos de vida de estudantes de 7 a 14 anos. Na faixa etária entre 7-8 anos, sua aplicação é realizada na forma de entrevista estruturada; a partir do 9 anos o instrumento é entregue aos alunos para que o preencham individualmente, ficando o pesquisador à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas. O questionário é composto por 14 questões, agrupadas em quatro categorias: indicadores para a caracterização sócioeconômica (questões 1-5), organização do cotidiano (questões 6-9), participação sóciocultural (questões 10-12) e prática esportiva (questões 13-14).
Nome da Instituição
Escola: ................................................................................Turno de estudo na escola: ( ) M ( ) T ( ) N
Nome: ....................................................................... Série: ...... Turma: ..........Sexo: ( ) masc ( ) fem
Data de nascimento: ....../......./.......Idade: ............
1) Qual foi o último ano que o pai/mãe cursou? ( Assinale o maior grau de instrução):
( ) não estudou/primário incompleto
( ) primário completo/ginasial incompleto
( ) ginasial completo/colegial incompleto
( ) colegial completo/universitário incompleto
( ) universitário completo
2) Na sua casa tem...(assinale cada item abaixo):
TV a cores (não) (sim) Quantos? .........
Videocassete (não) (sim) Quantos? .........
Rádio (não) (sim) Quantos? .........
Banheiro (não) (sim) Quantos? .........
Carro (não) (sim) Quantos? .........
Empregadas mensalistas (não) (sim) Quantos? .........
Aspirador de pó (não) (sim) Quantos? .........
Máquina de lavar roupa (não) (sim) Quantos? .........
3) Assinale um dos ítens abaixo:
Não possui geladeira ( ) possui geladeira sem freezer ( ) Possui geladeira duplex ou freezer ( )
4) Escreva o número de peças que há na sua casa/apartamento:
a) quarto: ........
b) sala: .......
c) cozinha: .......
d) banheiro: ....... dentro de casa? ( ) sim ( ) não
5) Quantas pessoas moram na sua casa/apartamento (incluindo você)? ..........
6) A que horas você costuma acordar de manhã?
( ) antes das 6 hs
( ) entre 6 e 7 horas
( ) entre 7 e 8 horas
( ) entre 8 e 9 horas
( ) depois das 9 horas
7) A que horas você costuma dormir?
( ) antes das 21 hs
( ) entre 21 e 22 horas
( ) entre 22 e 23 horas
( ) entre 23 e 24 horas
( ) depois das 24 horas
8) Assinale as atividades que você costuma fazer quando está em casa:
1. muitas vezes 2. poucas vezes 3.nunca
( ) Ver TV
( ) Jogar vídeo game
( ) Leituras de Lazer
( ) Escutar música
( ) Conversar/brincar com amigos
( ) Ajudar nas tarefas domésticas
( ) Cuidar de crianças que moram na mesma casa
( ) Estudar
9) O que você costuma fazer quando sai de casa?
1. muitas vezes 2. poucas vezes 3.nunca
( ) Freqüentar danceteria
( ) Conversar/brincar com amigos
( ) Passear a pé
( ) Passear de carro
( ) Andar de bicicleta
( ) Andar de patins/roller
( ) Andar de skate
( ) Jogar bola
( )Outros:
10) Assinale os materiais de esporte que você tem:
( ) patins/roller
( ) bicicleta
( ) skate
( ) bola de plástico
( ) bola de vôlei
( ) bola de basquete
( ) bola de futebol
( ) bola de handebol
( ) chuteiras
( ) raquete de tênis
( )outros:
11) Local preferido para a práticas esportivas de lazer:
( ) pátio de casa
( ) condomínio onde mora
( ) campo ou terreno baldio perto de casa
( ) rua
( ) parque/praça
( ) quadra da escola no turno contrário ao das aulas
( ) outros:
12) Se você participa de algum grupo, assinale qual:
( ) atividades na escola, no turno oposto ao das aulas. Quais: ....................................
( ) CTG
( ) clube
( ) grupo de teatro
( ) grupo de dança
( ) grupo musical
( ) atividades religiosas (catequese, grupo de jovens)
( ) centro comunitário
( ) outros:
13) Caso você, atualmente, esteja praticando algum esporte com orientação de um
professor/treinador, responda as perguntas abaixo:
Qual o esporte que você pratica?..................................................................................
Por que você escolheu este esporte?............................................................................
Há quanto tempo?......................................
Onde?.........................................................
Quantas vezes por semana?......................
Quantas horas por dia?..............................
14) Se você, há algum tempo atrás, praticou algum esporte com orientação de um
professor/treinador, responda:
Qual o esporte que você praticava?..............................................................................
Há quanto tempo?............................................
Onde?...............................................................
Quantas vezes por semana?............................
Quantas horas por dia?....................................
Por quanto tempo o praticou?...........................
Por que parou de praticá-lo?.............................
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